A questão do Método na Filosofia e nas Ciências: resumo Enem

Veja a importância do método para a filosofia. Cada corrente filosófica tinha um método na origem dos estudos do pensamento. Entenda a diferença entre Senso Comum e a Razão Filosófica para mandar bem no Enem.

“Para chegar a um bom resultado nos estudos você precisa ter um método”. Esta frase você já deve ter ouvido muito. E claro que quem a diz tem razão! Na verdade, em nossa vida temos vários métodos para resolvermos problemas e administramos nosso dia-a-dia.

Veja desde as proposições dos filósofos da Grécia Antiga e até a mudança completa realizada pelo francês René Descartes, com o Racionalismo Cartesiano.

O que é o Método na Filosofia?

Confira agora com o professor de filosofia Marciel Evangelista Cataneo, do canal do Curso Enem Gratuito. Ele vai ensinar para você a diferença entre o Senso Comum e a Razão Filosófica.

Mas, o que significa “método”? Palavra de origem grega: meta – através, hodos- caminho. Logo, “método” quer dizer “através de um caminho”.  Ou seja, o método é ‘o meio’ para se chegar, e não ‘um fim’ em si mesmo.

Dentro dessa definição, podemos afirmar que em nosso trabalho, na ciência, nos problemas do nosso dia-a-dia, na organização dos estudos, na organização financeira para que o salário duro o mês todo, no campo da filosofia e muitas outras coisas, precisamos ter um método para chegarmos ao fim que desejamos.

No campo da filosofia não se faz diferente. Ao longo da história muitos foram os métodos adotados por filósofos ou por correntes filosóficas (são linhas de pensamentos adotados por mais de um filósofo) que procuram responder certas perguntas ou dar solução a algum problema existente na época.

Sócrates e o Método: entenda a Maiêutica

Percebeu com o professor Alan, do canal do curso Enem Gratuito quais são as diferenças básicas no método de pensamento entre Sócrates e os filósofos Sofistas? Por isso mesmo Sócrates foi um revolucionáro na Filosofia.

Se começarmos pela Filosofia Pré-Socrática o método usado era encontrar na natureza um elemento que seria a origem de tudo que existe, por este motivo, os filósofos que abordaram esse tema como base do seu pensamento ficaram conhecidos como Filósofos da physi, ou seja, da natureza, da física.

Veja uma aula com um resumo bem completo sobe os Filósofos Pré-Socráticos, para ajudar você a compreender a questão do Método. Depois, veja o Pensamento de Sócrates, que traz uma nova abordagem, um ‘novo Método’. Vamos começar pelos Pré-Socráticos: Os filósofos Pré-Socráticos

O Método de Sócrates

Na Filosofia Antiga temos destaque para o grego Sócrates, que adotou um método chamado “Ironia e Maiêutica”. Na Ironia ela fazia de conta que nada sabia para que seu interlocutor chegasse à resposta sozinho. Sócrates é sempre citado pela frase ‘Tudo o que sei, é que nada sei’.

E, assim, ele conduzia o raciocínio do interlocutor com novas perguntas até que o ‘aluno’ ou ‘discípulo’ chegasse ao conhecimento. Veja o Pensamento de Sócrates nesta aula-resumo a seguir: A Filosofia de SócratesMas, o despertar do conhecimento no interlocutor não era um passe de mágica. Não era assim como um estalo de dedo e ela já ficava sabendo. Esse processo se dava pela Maiêutica, isto é, pela arte de perguntar.

Sócrates não respondia as perguntas, mas fazia outra pergunta  ao interlocutor para que a própria pessoa, através do seu pensamento, orientada pelas perguntas de Sócrates, chegasse ao conhecimento.

A Lógica – O Método de Platão

Ainda podemos citar outro filósofo grego que foi estruturante. Trata-se de Platão, que foi discípulo de Sócrates, e que utilizou o método da dialética ( escrita através de diálogos) para chegar a uma conclusão pelo uso da lógica, tendo como premissa o entendimento, a observação da realidade, e de que as ‘ideias’ envolvidas tivessem coesão e sentido.

Clique na imagem para ver uma aula com a síntese da história e do pensamento de Platão: Platão e o Mundo das Ideias

A Filosofia na Idade Média e na Idade Moderna

  • Na Idade Média, de um modo geral o método era o uso da filosofia grega para provar e por fim a discussões sobre a existência de Deus e outras questões religiosas da época.
  • Na Idade Moderna, que é o foco do nosso estudo, a questão do método está ligada à possibilidade de chegar a um conhecimento verdadeiro e testar se adquirimos o conhecimento somente de maneira racional ou se nossos sentidos também nos ajudam a aprender. O método neste período passa a ser um caminho para evitar o erro.

O Método Racional de René Descartes

Um grade marco de ruptura na estruturação do Método ocorre com o filósofo e matemático francês René Descartes. No século XVII ele estabelece as bases do ‘Método Cartesiano’, que propõe bases lógicas para que as conclusões de uma proposição pudessem ser validadas.

  • René Descartes criou quatro regras:
  • 1 – Regra da Evidência;
  • 2 – Regra da Análise;
  • 3 – Regra da Síntese; e,
  • 4 – Regra da Enumeração.

Confira as bases do pensamento científico:

Gostou da síntese apresentada pelo professor Alan? Muito boa, mesmo.

Veja as quatro regras de René Descartes

1 –  Regras da Evidencia: só aceitar algo como verdadeiro se este for evidentemente claro e distinto. Não fique desesperando se não entendeu essas ideias claras e distintas. Elas são encontradas em nossa própria mente, como por exemplo, 2 + 2: 4. Consigo resolver esta conta só com o uso da razão sem o uso dos sentidos, como por exemplo, qual o saber do suco de laranja? Este problema iremos saber somente chupando uma laranja, usado um dos sentidos que é ó paladar.

2 –  Regra da análise: esta regra seria assim: quando estou diante de um problema, devo dividi-lo em quantas partes for possível para poder fazer uma compreensão e análise mais detalhada do mesmo.

3 –  Regra da síntese: após dividir o problema em quantas partes for possível, para poder fazer a análise das partes mais simples para as mais complexas, esta síntese favorece compreender melhor o problema e resolver o cerne dele, deixando de lado algo que não é importante e necessário. Você deve estar fazendo uma comparação com seus estudos para o Enem.

Mas, é isso mesmo, não adianta sair estudando tudo que você vê pela frente, este método ajudar você ter um caminho correto para estudar o essencial.

4 –  Regra da enumeração: realizar uma verificação do problema para ver se algo não foi esquecido. Igual o procedimento da prova real em certas contas de matemática, ou a revisão dos estudos que você faz antes de uma avaliação.

O Racionalismo Cartesiano

Com René Descartes temos a transição para a Filosofia Moderna, orientada para a razão. Veja um resumo completo sobre o pensamento de René Descartes nesta aula gratuita: O Racionalismo Cartesiano e a questão do Método na Filosofia

O Método Científico

Se você quer seguir estudando sobre ‘O Método’, veja também uma aula sobre o Método Científico, com as abordagens do Método Indutivo e do Método Dedutivo. Faz parte da História da Ciência, e também cai no Enem e nos vestibulares. Veja aqui na imagem o resumo do Método Científico: O Método Dedutivo

Vídeo-aula gratuita sobre o Método da Maiêutica, de Sócrates

E aí, conseguiu aprender um pouco mais sobre o método aplicado à filosofia? Beleza! Então, para aprender ainda mais sobre este conteúdo, assista este vídeo que selecionamos para você:

Revisão: a questão do método é a busca de um caminho para se chegar ao um fim. Dentro desse aspecto, ao longo da história da filosofia, cada filósofo ou corrente filosófica foram buscando o método mais apropriado. Na Idade Moderna, o método concentrou-se na busca da verdade e do conhecimento seguro.

Referência
COTRIM, Gilberto; FERNANDES, Mirta. Fundamentos de Filosofia. 1 ed. – São Paulo: Saraiva: 2010.
http://www.sergiobiagigregorio.com.br/filosofia/metodo-da-filosofia.htm acessado em 16 de janeiro de 2017.

Exercícios sobre o Método

Chegou a sua vez. Resolva essas questões de vestibulares e se prepare para o ENEM:

1. (UEL) O principal problema de Descartes pode ser formulado do seguinte modo: “Como poderemos garantir que o nosso conhecimento é absolutamente seguro?” Como o cético, ele parte da dúvida; mas, ao contrário do cético, não permanece nela. Na Meditação Terceira, Descartes afirma: “[…] engane-me quem puder, ainda assim jamais poderá fazer que eu nada seja enquanto eu pensar que sou algo; ou que algum dia seja verdade eu não tenha jamais existido, sendo verdade agora que eu existo […]”

(DESCARTES. René. Meditações Metafísicas. Meditação Terceira, São Paulo: Nova Cultural, 1991. p. 182. Coleção Os Pensadores.)
Com base no enunciado e considerando o itinerário seguido por Descartes para fundamentar o conhecimento, é correto afirmar:

a) Todas as coisas se equivalem, não podendo ser discerníveis pelos sentidos nem pela razão, já que ambos são falhos e limitados, portanto o conhecimento seguro detém-se nas opiniões que se apresentam certas e indubitáveis.
b) O conhecimento seguro que resiste à dúvida apresenta-se como algo relativo, tanto ao sujeito como às próprias coisas que são percebidas de acordo com as circunstâncias em que ocorrem os fenômenos observados.
c) Pela dúvida metódica, reconhece-se a contingência do conhecimento, uma vez que somente as coisas percebidas por meio da experiência sensível possuem existência real.
d) A dúvida manifesta a infinita confusão de opiniões que se pode observar no debate perpétuo e universal sobre o conhecimento das coisas, sendo a existência de Deus a única certeza que se pode alcançar.
e) A condição necessária para alcançar o conhecimento seguro consiste em submetê-lo sistematicamente a todas as possibilidades de erro, de modo que ele resista à dúvida mais obstinada.

2. (Uff 2012) O filósofo francês René Descartes escreveu o seguinte em seu Discurso do Método:

“Logo que adquiri algumas noções gerais relativas à Física, julguei que não podia mantê-las ocultas, sem pecar grandemente contra a lei que nos obriga a procurar o bem geral de todos os homens. Pois elas me fizeram ver que é possível chegar a conhecimentos que sejam úteis à vida e assim nos tornar como que senhores e possuidores da natureza. O que é de desejar, não só para a invenção de uma infinidade de utensílios, que permitiriam gozar, sem qualquer custo, os frutos da terra e de todas as comodidades que nela se acham, mas principalmente também para a conservação da saúde, que é sem dúvida o primeiro bem e o fundamento de todos os outros bens desta vida.”

Assinale a alternativa que resume o pensamento de Descartes.

a) O conhecimento deve ser mantido oculto para evitar que seja empregado para dominar a natureza.
b) O conhecimento da natureza satisfaz apenas ao intelecto e não é capaz de alterar as condições da vida humana.
c) Nosso intelecto é incapaz de conhecer a natureza.
d) Devemos buscar o conhecimento exclusivamente pelo prazer de conhecer.
e) O conhecimento e o domínio da natureza devem ser empregados para satisfazer as necessidades humanas e aperfeiçoar nossa existência.

3. (Ufu 2010) Em O Discurso sobre o método, Descartes afirma:

Não se deve acatar nunca como verdadeiro aquilo que não se reconhece ser tal pela evidência, ou seja, evitar acuradamente a precipitação e a prevenção, assim como nunca se deve abranger entre nossos juízos aquilo que não se apresente tão clara e distintamente à nossa inteligência a ponto de excluir qualquer possibilidade de dúvida.
(REALE, G.; ANTISERI, D. História da filosofia: Do humanismo a Descartes.Tradução de Ivo Storniolo. São Paulo: Paulus, 2004. p. 289.)

Após a leitura do texto acima, assinale a alternativa correta.

a) A evidência, apesar de apreciada por Descartes, permanece uma noção indefinível.
b) A evidência é a primeira regra do método cartesiano, mas não é o princípio metódico fundamental.
c) Ideias claras e distintas são o mesmo que ideias evidentes.
d) A evidência não é um princípio do método cartesiano.

4. (Unioeste 2011) Considerando-se as primeiras linhas das Meditações sobre a filosofia primeira de René Descartes:

“Há já algum tempo dei-me conta de que, desde meus primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões por verdadeiras e de que aquilo que depois eu fundei sobre princípios tão mal assegurados devia ser apenas muito duvidoso e incerto; de modo que era preciso tentar seriamente, uma vez em minha vida, desfazer-me de todas as opiniões que recebera até então em minha crença e começar tudo novamente desde os fundamentos, se eu quisesse estabelecer alguma coisa de firme e de constante nas ciências. (…) Agora, pois, que meu espírito está livre de todas as preocupações e que obtive um repouso seguro numa solidão tranquila, aplicar-me-ei seriamente e com liberdade a destruir em geral todas as minhas antigas opiniões”.

É correto afirmar sobre a teoria do conhecimento cartesiana que

a) Descartes não utiliza um método ou uma estratégia para estabelecer algo de firme e certo no conhecimento, já que suas opiniões antigas eram incertas.
b) Descartes considera que não é possível encontrar algo de firme e certo nas ciências, pois até então esse objetivo não foi atingido.
c) Descartes, ao rejeitar o que a tradição filosófica considerou como conhecimento, busca fundamentar nos sentidos uma base segura para as ciências.
d) ao investigar uma base firme e indestrutível para o conhecimento, Descartes inicia rejeitando suas antigas opiniões e utiliza o método da dúvida até encontrar algo de firme e certo.
e) Descartes necessitou de solidão para investigar as suas antigas opiniões e encontrar entre elas aquela que seria o verdadeiro fundamento do conhecimento.

5. (Ufu 2011) Na obra Discurso sobre o método, René Descartes propôs um novo método de investigação baseado em quatro regras fundamentais, inspiradas na geometria: evidência, análise, síntese, controle.

Assinale a alternativa que contenha corretamente a descrição das regras de análise e síntese.

a) A regra da análise orienta a enumerar todos os elementos analisados; a regra da síntese orienta decompor o problema em seus elementos últimos, ou mais simples.
b) A regra da análise orienta a decompor cada problema em seus elementos últimos ou mais simples; a regra da síntese orienta ir dos objetos mais simples aos mais complexos.
c) A regra da análise orienta a remontar dos objetos mais simples até os mais complexos; a regra da síntese orienta prosseguir dos objetos mais complexos aos mais simples.
d) A regra da síntese orienta a acolher como verdadeiro apenas aquilo que é evidente; a regra da análise orienta descartar o que é evidente e só orientar-se, firmemente, pela opinião.

Resposta: 1: e; 2: e; 3: c; 4: d; 5: b

Gilson Luiz Corrêa

Gilson Luiz Corrêa, bacharel em Filosofia pela UNISUL, Licenciatura em Filosofia pela UFSC, Psicopegadogia pela FMP. Professor do Colégio Catarinense.
Categorias: Apostilas Enem Gratuitas, Curso Enem, Enem, Filosofia
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