Como apresentar dados estatísticos na redação do Enem?

Você sabia que usar dados estatísticos na redação do Enem enriquece a sua argumentação? É isso mesmo! 

Números falam por si só e podem ser aproveitados como fundamentos para embasar a sua tese, destacar a gravidade de um problema social ou também a probabilidade de eficácia de uma solução.

No entanto, a forma de apresentar os dados no texto dissertativo-argumentativo gera muitas incertezas. É comum questionar: 

• A fonte dos dados precisa ser citada? 
• Todos os dados são válidos, independente de sua origem?
• Como interpretar esses dados para construir uma argumentação própria?

Se você também tem essas ou outras dúvidas sobre o assunto, continue a leitura para entender como selecionar essas informações e utilizá-las para chegar à nota máxima!

Por que usar dados estatísticos na redação?

Dados estatísticos são alicerces para argumentos sólidos. Na redação, especialmente em provas como o Enem, eles transformam suas ideias em fatos evidentes, conferindo maior credibilidade e persuasão ao seu texto.

Entenda a importância de trazer essas informações no seu texto: 

• Fortalecimento da argumentação: a apresentação de dados estatísticos transforma opiniões em evidências concretas. Isso quer dizer que, ao invés de afirmar que a desigualdade social é um problema grave, você vai mostrar números que comprovam essa afirmação.
• Demonstração de conhecimento: a busca por dados demonstra que você se aprofundou no tema, pesquisou e analisou informações relevantes para desenvolver um repertório sociocultural abrangente e aumentar sua capacidade de articulação.
• Criação de um texto mais completo: os dados enriquecem o seu texto, tornando-o mais completo e aprofundado. Eles ajudam a construir uma visão mais ampla do problema e a propor soluções mais eficazes.
• Impacto no leitor: quando bem utilizadas, essas informações chamam a atenção do leitor e o convencem da importância do tema. Eles criam um impacto emocional e intelectual, tornando sua redação mais memorável.

Quais dados usar?

É super importante escolher bem os dados que você vai usar na sua redação. Fuja das fake news e procure informações em fontes confiáveis, como institutos de pesquisa e veículos de comunicação.

• Órgãos governamentais como IBGE, Inep, Ministério da Saúde, ONU e outros;
• Universidades e institutos de pesquisa;
• Pesquisas e artigos acadêmicos;
• Organizações não governamentais (ONGs);
• Jornais e revistas conceituados.

Leia também: A importância dos Direitos Humanos na Redação Enem

O que acontece se inventar dados na redação do Enem?

As bancas corretoras do Enem são treinadas para identificar informações falsas e plagiadas, por isso, usar dados falsos na sua redação não é uma alternativa! 

Essa atitude pode, inclusive, gerar punições e reduzir muito a sua nota no exame. Não vale a pena correr o risco, concorda?

Como usar dados estatísticos na redação? 

Não existe uma regra geral sobre onde esses dados estatísticos precisam ser inseridos no seu texto. Eles podem aparecer em diferentes trechos da redação, mas sempre com o objetivo de fortalecer seus argumentos e tornar sua escrita mais persuasiva. 

Agora, não adianta simplesmente jogar esses dados no meio do texto, viu? É preciso que você reflita sobre eles, contextualize essas informações e explique o motivo de ter escolhido esses números. 

Algumas dicas sobre a forma de fazer a citação e referência no seu texto: 

• Mencione a fonte completa: cite o nome do relatório, o autor ou instituição responsável pela pesquisa, o ano de publicação e o órgão responsável.
• Seja preciso: apresente os dados de forma clara e objetiva, evitando generalizações.
• Utilize aspas: se você estiver citando uma frase exata do relatório, coloque-a entre aspas.

Exemplos práticos

No Enem 2023, o tema da redação foi “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidados realizados pela mulher no Brasil”. Vamos aproveitar este assunto para te mostrar, na prática, como apresentar os dados ao longo da dissertação. Veja algumas sugestões: 

Na introdução

Apresente um dado impactante para chamar a atenção do leitor e contextualizar o tema:

O trabalho de cuidado, invisibilizado e realizado majoritariamente por mulheres, representa uma contribuição de US$ 10,8 trilhões por ano à economia global, segundo a Oxfam Brasil. Apesar dessa contribuição fundamental, essa atividade ainda carece de reconhecimento e valorização.

No desenvolvimento

Utilize os dados para ilustrar seus argumentos e comprovar suas afirmações:

Conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Anual (PNAD Contínua), do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), de 2019, “a jornada de trabalho formal máxima permitida pela CLT é de 44 horas semanais”. Mas as mulheres brasileiras gastam mais de 61 horas por semana em trabalhos não remunerados. Essa sobrecarga de tarefas domésticas e de cuidado limita o acesso das mulheres ao mercado de trabalho formal e perpetua a desigualdade de gênero.

Na conclusão

Retome os dados mais relevantes para reforçar suas propostas de intervenção: 

Visto que, no Brasil, a maior parte do trabalho de cuidado ainda é feito por mulheres, é urgente que políticas públicas sejam implementadas para valorizar o trabalho de cuidado, como a criação de creches e escolas de tempo integral, a ampliação da licença-paternidade e o incentivo à contratação de cuidadores domésticos. Ao reconhecer e valorizar essa atividade, estaremos contribuindo para uma sociedade mais justa e igualitária.”

Veja também: Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+: referências para a redação do Enem

Dados estatísticos para usar na redação do Enem 2024

Para te ajudar a chegar ainda mais preparado no Enem 2024 e escrever um texto brilhante e bem fundamentado, preparamos uma seleção de dados estatísticos sobre diferentes assuntos. Aproveite!

Desmatamento da Amazônia

• Pesquisa: Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) – Imazon
• Ano: 2022
• Dado: a área desmatada da Amazônia em 2022 atingiu 9.069 km², o maior valor em 15 anos.
• Temas relacionados: meio ambiente, mudanças climáticas, desenvolvimento sustentável, políticas públicas ambientais.

Trabalho Informal

• Pesquisa: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) – IBGE
• Ano: 2022
• Dado: 13,2 milhões de brasileiros trabalham informalmente.
• Temas relacionados: mercado de trabalho, desigualdade social, políticas públicas de trabalho e economia informal.

Racismo

• Pesquisa: Anuário Brasileiro de Segurança Pública
• Ano: 2022
• Dado:
• 2.458 ocorrências de crimes resultantes do preconceito de raça ou de cor em 2022;
• 1,7 caso a cada 100 mil habitantes;
• O valor é 67% maior do que os 1.464 de 2021.
• Temas relacionados: racismo, desigualdade racial, direitos humanos, relações raciais.

Educação

• Pesquisa: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) – IBGE
• Ano: 2024
• Dados:
  • 19,8% dos jovens entre 15 e 29 anos não estão trabalhando nem estudando;
  • 9 milhões de jovens entre 14 e 29 anos não concluíram o ensino médio (destes, 27,4% são brancos e 71,6% são pretos ou pardos);
  • No ensino superior, 29,5% são brancos e 16,4% são pretos ou pardos.
• Temas relacionados: educação, desigualdade social, políticas públicas educacionais, juventude.

Saúde e expectativa de vida do brasileiro

• Pesquisa: Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
• Ano: 2022
• Dados:
  • Em 2020: 74,8 anos;
  • Em 2021: 72,8 anos;
  • Em 2022: 75,5 anos; 
  • Em 2021, a expectativa de vida ao nascer para os homens era de 73,6 anos. Em 2022, ficou em 72 anos;
  • Para as mulheres, a previsão de vida era de 80,5 anos em 2021, e caiu para 79 anos em 2022;
• Temas relacionados: impacto da pandemia na saúde da população, desigualdades sociais e saúde, políticas públicas de saúde e envelhecimento da população.

Violência

• Pesquisa: Atlas da Violência 2024 do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) 
• Ano: 2024
• Dados:
  • Em 2022, o Brasil registou 46.409 homicídios, o que corresponde a uma taxa de 21,7 por 100 mil habitantes;
  • 76,5% das vítimas de homicídio eram pretas e pardas;
  • Metade das vítimas de homicídio eram jovens.
• Temas relacionados: desigualdades regionais, violência urbana, políticas públicas de segurança.

Violência de gênero

• Pesquisa: Boletim Elas Vivem: Liberdade de Ser e Viver 
• Ano: 2024
• Dados:

• 3.181 mulheres foram vítimas de violência em 2023;
• São oito casos de violência doméstica a cada 24 horas;
• Houve um aumento de 22,04% no número de casos em relação a 2022;
• 586 mulheres foram vítimas de feminicídeos em 2023;
• A cada 15 horas, uma mulher morre em razão do gênero no Brasil.
• Temas relacionados: desigualdades de gênero e violência, violência doméstica, leis de proteção à mulher. 

Desastres ambientais

• Pesquisa: Levantamento da Secretaria Especial de Articulação e Monitoramento, ligada à Casa Civil da Presidência da República
• Ano: de 2012 a 2022
• Dados:
  • 23.611 eventos (inundações, enxurradas e deslizamentos de terra);
  • 3.890 óbitos;
  • 8,2 milhões de desalojados ou desabrigados;
  • 1.942 municípios suscetíveis a desastres;
  • 8,9 milhões de brasileiros vivem em áreas de risco (6% da população).
• Temas relacionados: urbanização rápida e desordenada, segregação sócio-territorial, mudanças climáticas, desigualdade social.

E então, você conseguiu compreender como os dados estatísticos são ferramentas importantes para fortalecer a sua argumentação na redação do Enem? Aproveite nossas dicas e pratique bastante! Assim, com certeza você chegará muito bem preparado para o exame. 

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