Justiça congela o resultado do SISU até revisão final das notas do Enem 2019

A confusão provocada pelo erro no cálculo da nota do Enem não terminou. Apesar do MEC e do INEP terem informado que revisaram todas as notas, o Ministério Público solicitou dar uma pausa na disputa do SISU até que uma nova revisão seja feita. E, dois candidatos já conseguiram na Justiça Federal a ordem para o MEC revisar as notas do Enem 2019 Veja.

Na sexta-feira, 24 de janeiro de 2019, a A 8ª Vara Cível da Justiça Federal de São Paulo determinou ao Ministério da Educação e ao INEP que o resultado do SISU somente seja divulgado após todas as dúvidas sobre as notas do Enem serem resolvidas.

Na prática isto significa que a disputa pelas notas de corte do Sisu 2020 prossegue normalmente, mas que o resultado previsto para o dia 28, não será divulgado até que o MEC e o INEP comprovem ter revisado e respondido a todos os participantes que se manifestaram no e-mail de reclamações, e que os parâmetros das correções feitas sejam divulgados.

No sábado o MEC recorreu da decisão liminar. O recurso foi julgado no domingo, pela  desembargadora Therezinha Cazerta, presidente do TRF-3, que manteve a suspensão da divulgação do resultado do SISU 2020 até que o MEC e o INEP comprovem ter revisado todas as notas.

Ministro da Educação tira dúvidas pelo Twitter 

Outra novidade é que o Ministro da Educação, pelo Twitter, respondeu diretamente ao pai de uma participante do Enem 2019 tirando dúvidas sobre a nota da filha. Veja o print da conversa do ministro com “Alê” (o presidente do INEP se chama Alexandre) e o pai da estudante (Carlos). Fonte: O Antagonista – domingo, 26 de janeiro, 16h29 min.

Na quinta-feira, dia 23, a Justiça Federal já havia determinado que o Ministério da Educação e o INEP procedessem  ao recálculo da nota do Enem 2019 de pelo menos dois participantes que já ganharam este direito através de ordem judicial.

No Estado do Pará quem deu a ordem foi o juiz Jorge Ferraz Oliveira Júnior, com prazo de 48 horas para o MEC e o INEP realizarem a revisão. Em Goiás quem deu a ordem foi o juiz João Paulo Moretti de Souza, com prazo de 24 horas para o MEC fazer a revisão.  Estas decisões beneficiam apenas os participantes que ingressaram com as ações judiciais.

Um dia antes que estas decisões fossem tomadas o Ministério Público Federal encaminhou ao MEC solicitação de que fosse suspensa a rodada atual de disputa de notas de corte do Sistema de Seleção Unificada, o SISU 2020.

O pedido do MPF estava embasado na argumentação de que o MEC e o INEP deveriam revisar a nota de todos os participantes, e não apenas daqueles que tiveram o tempo de registrar a sua queixa no e-mail que ficou apenas 12 horas no ar para receber reclamações.

O MEC informou que todas as notas tinham sido revisadas, e não apenas aquelas dos participantes que fizeram as queixas. E, que prorrogou o prazo de inscrições do SISU para até o dia 26, domingo.

A data anterior era na sexta-feira, dia 24 de janeiro de 2019. E, o resultado que estava previsto para o dia 28, fica agora adiado até que o MEC e o INEP apresentem as comprovações determinadas pela Justiça Federal de São Paulo.

Veja o histórico do problema:

As primeira reclamações sobre um erro na nota do Enem apareceram em Minas Gerais, de alunos que fizeram a prova na cidade de Viçosa. Eles observaram que mesmo tendo feito uma média de 30 acertos de um total de 45 por prova estavam com notas muito baixas, com menos de 400 pontos.

A previsão era de que para esta taxa de acertos a nota ficasse entre 700 e até 800 pontos no resultado do Enem 2019. Imagens dos boletins de desempenho foram apresentadas nas redes sociais e outros casos semelhantes apareceram.

Segundo o Ministério da Educação os erros estavam inicialmente vinculados ao segundo dia de prova, onde por um erro da gráfica que imprimiu os gabaritos a correção indicava outra cor de prova, e por isso a diferença. Mas, participantes enviaram ao Inep reclamações dos resultados na prova de Linguagens, do primeiro dia.

Quem chuta todas faz até 400 pontos

A discrepância observada pelos participantes mostra que, de fato, há mesmo erros no cálculo de notas no resultado do Enem 2019. Uma simulação feita pelo Blog do Enem para ver como ficariam as notas de quem “chuta” todas as questões do Exame, dá total razão aos reclamantes.

As provas do Enem têm cinco alternativas. Fazer a prova “no chute” rende apenas 10 acertos em média para 45 questões. E, no teste feito pelo Blog do Enem, nestes casos, com as notas “só no chute”, as notas divulgadas ficaram na faixa dos 300 a 400 pontos em cada prova.

Para fazer este experimento foram marcadas todas as questões das provas de uma edição do Enem com a mesma letra de alternativa. Nos resultados, inclusive, num caso extremo, ocorreu a possibilidade de se obter até mais 450 pontos em uma das provas.

Não tem sentido e nem lógica, portanto, que para 30 acertos em um total possível de 45 questões em uma prova que o candidato fique com a mesma pontuação de quem “chuta todas”, e que acerta muito menos questões.

Entenda como é calculada a nota do Enem

A proposta de correção pela Teoria da Resposta ao Item é justamente dar equidade na comparação dos resultados dos candidatos em diferentes edições do exame.

Ou seja, o sistema identifica o grau de maior dificuldade ou de facilidade das questões, e ainda consegue identificar padrões “de chute” para evitar injustiças. Veja como é a correção das provas do Enem pela TRI com a professora Juliana Evelyn Santos, do Curso Enem Gratuito:

Entendeu? É uma explicação bem descomplicada, para facilitar mesmo o entendimento da Teoria da Resposta ao Item.

MEC admite o erro na nota do Enem 2019

O Ministério da Educação reconheceu o erro, que teria alcançado 0,1% dos participantes. Já o INEP disse que o erro pode chegar a até 1% dos candidatos que compareceram, o que daria um número próximo a 39 mil participantes que podem ter sido vítimas deste erro no processamento. Depois, ainda no sábado, o presidente do INEP retificou a informação para um prejuízo para cerca de 9 mil participantes.

O presidente do INEP disse que “Um grupo pequeno de pessoas teve o gabarito trocado, quando foram fechados os envelopes”, e que a origem do erro estava em procedimentos adotados pela gráfica que ficou responsável pela impressão das provas.

E-mail para registrar reclamações

No sábado pela manhã o Ministério da Educação e o INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) informaram um endereço de e-mail para que os candidatos que se sentirem prejudicados entre a quantidade de acertos e as notas obtidas enviem a reclamação.

O e-mail ficou ativo para receber reclamações até as 10 da manhã da segunda-feira, dia 20 de janeiro de 2019. O e-mail para reclamações era [email protected]

Inep diz que o problema foi corrigido

Em coletiva de imprensa na noite de segunda-feira, dia 20/01, o presidente do Inep afirmou que o erro na nota do Enem 2019 já foi corrigido. Segundo ele, foram analisadas as notas de todos os estudantes que enviaram e-mail com reclamações e, no fim, Inep identificou 6000 candidatos atingidos.

Na coletiva, o presidente do Inep firmou o compromisso de rever o controle de qualidade na transmissão de dados pela gráfica, para que tal problema não se repita.

As notas corrigidas já estão publicadas na página do participante. Confira o seu boletim de desempenho e veja se sua pontuação mudou!

Calendário do Sisu 2020 alterado

Em virtude do erro na nota do Enem 2019, o Inep decidiu alterar o calendário do Sisu 2020. A data de início do processo seletivo foi mantida para dia 21/01, mas o prazo de inscrição foi alargado em dois dias. Assim, os estudantes terão até domingo, dia 26/01 para se inscreverem no Sisu. Veja como ficou o cronograma:

  • Resultado do Enem: 17 de janeiro
  • Inscrições Sisu: 21 a 26 de janeiro
  • Resultado: 28 de janeiro
  • Inscrição na Lista de Espera: 29 de janeiro a 4 de fevereiro
  • Matrículas: 29 de janeiro a 4 de fevereiro

João Vianney dos Valles Santos

Psicólogo e jornalista, Vianney é diretor do Blog do Enem. Tem doutorado em Ciências Humanas, coordenou o Laboratório de Ensino a Distância da UFSC, e Dirigiu o Campus Unisul Virtual. É consultor de EaD da Hoper Educação.
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