Cacofonia é o encontro de palavras que acabam formando sons desagradáveis, engraçados ou até inconvenientes. Veja exemplos para não repetir nos seus textos!
Com certeza você já viu duas palavras que, quando lidas juntas em voz alta, parecem formar uma terceira palavra. Esse é um dos exemplos do que chamamos de cacofonia. Nesta aula você vai ver a definição de cacofonia, exemplos e formas de evitar esse vício de linguagem.
O que é cacofonia
A palavra cacofonia vem do grego (kakophónía) e significa “aquilo que soa mal” ou “som ruim”. Dessa forma, cacofonia é o encontro de sílabas que acabam formando sons desagradáveis, engraçados ou ambíguos.
Esses sons geralmente são formados pela junção entre a sílaba do final de uma palavra e do início de outra. Assim como a ambiguidade, o eco, a colisão e o plebeísmo, a cacofonia é um vício de linguagem.
Já o antônimo de cacofonia é a “eufonia”, ou seja, a união de sílabas que geram um som agradável.
Exemplos de cacofonia
Na oração “Eu vi ela no supermercado”, por exemplo, a cacofonia está no “vi ela”, que é o mesmo som da palavra “viela”. De acordo com as normas cultas do português teríamos: “eu a vi no supermercado”.
Já na oração “Beijou na boca dela”, a cacofonia está em “boca dela”, que pode ser entendido como “cadela”. De acordo com as normas do português teríamos: “beijou-a na boca”.
Tipos de cacofonia
Nos exemplos de cacofonia dos parágrafos anteriores, vimos a formação do som de uma palavra a partir da junção de sílabas de outras duas. Esse é o cacófato, um dos tipos mais comuns de cacofonia. Mas também existem outros dois tipos bastante comuns: o eco e a aliteração. Em seguida vamos a definição de cada um deles.
O cacófato é a formação de uma palavra por uma coincidência sonora. Por exemplo: “só negam” é um cacófato, pois sua cadeia de sons forma uma outra palavra, “sonegam”.
Enquanto isso, o eco é a formação de rimas em tipos de textos que não as requerem. Por exemplo: “A alteração da questão gerou indignação e a população pediu uma ação”.
Por fim, a aliteração é a repetição constante de sons. A frase “O sábio sabia sapatear” é um exemplo. Em textos como a redação do Enem, por exemplo, rimas ou repetição de sons não são bem-vindos.
Resumo sobre cacofonia
Confira agora com a professora Mercedes um resumo rápido e divertido sobre a cacofonia. É para você nunca mais perder pontos com erros básicos:
Exemplos de cacófatos
Veja mais alguns exemplos clássicos de cacofonia que formam cacófatos:
- “Ela tinha 10 figurinhas no álbum”. Ela tinha soa como latinha.
- “Paguei R$ 5 por cada doce”. Por cada soa como porcada.
- “Ele tem fé demais para um futuro promissor”. Fé demais soa como fede.
- “O nosso hino é belo e culto”. So hino possui fonética semelhante a suíno.
- “Ela te tinha contado sobre isso ontem”. Te tinha soa como tetinha.
- “Fica tranquilo porque vou-me já”. Me já soa como mijar.
- “O time conseguiu ganhar na vez passada”. Vez passada soa como vespa assada.
- “A colega colocou a culpa nela”. Culpa nela soa como panela.
- “Uma mão lava a outra”. Uma mão soa como um mamão.
- “O recado foi dado pela dona Maria”. Pela dona soa como peladona.
Exemplos de cacofonia na música e na literatura
Apesar de ser considerada um vício de linguagem, a cacofonia às vezes é utilizada como recurso de piadas e trocadilhos. Além disso, é comum encontrarmos exemplos de cacofonia em músicas ou em obras literárias.
Mário de Andrade, por exemplo, deu para um de seus poemas o título de “Ode ao burguês”. Nesse caso, o autor foi irônico ao transformar ode, um tipo de poema, no som “ódio ao burguês”. Algo parecido ocorre no poema “Alma minha”, de Luís de Camões, pois numa leitura rápida pode soar como “a maminha”.
Um exemplo de cacofonia que causa engano em muitos brasileiros está presente na música “Oceano”, do Djavan. Isso porque no verso “Amar é um deserto e seus temores”, “amar é” soa como “a maré”. Também tem gente que ouve a música e entende “amarelo deserto e seus temores”.
Outro exemplo de cacofonia está no verso “Andar com fé eu vou, que a fé não costuma faiá“, de Gilberto Gil. Propositalmente, o Gil fez a frase soar como “café não costuma faiá“.
Um último caso que vamos citar é da música “Admirável chip novo”, da Pitty. Pode parecer que ela canta “use, seja, ousadia”, mas, na verdade, é “use, seja, ouça, diga”.
Como evitar a cacofonia
Existem alguns momentos em que é importante evitar a cacofonia, como na redação do Enem, em concursos, trabalhos acadêmicos ou documentos do trabalho. Por isso preparamos algumas dicas para te ajudar a não cometer esse vício de linguagem.
Ler em voz alta
A forma mais simples de evitar a cacofonia é ler seu texto em voz alta. Assim você consegue identificar a sonoridade das palavras, o que não é tão fácil no momento da escrita. É claro que em alguns momentos, como no Enem e em vestibulares, não é possível ler a redação em voz alta. Mas, se você treinar em casa, vai conseguir identificar a cacofonia mais facilmente.
Pesquise sobre os principais cacófatos
Uma forma válida de evitar a cacofonia é pesquisar exemplos dos casos mais comuns. Assim você terá a memória dos mais desagradáveis e engraçados e ficará mais fácil passar longe deles.
Conheça sinônimos
Essa é uma dica que não vale somente para evitar a cacofonia, mas também para auxiliar na coesão e coerência do seu texto. Em alguns casos é difícil substituir uma expressão que possui um cacófato. Por isso, quanto mais sinônimos você conhecer, mais fácil fica alterar palavras e frases. O mesmo ocorre com a repetição de palavras, caso em que os sinônimos são grande salvadores.
Pedir para alguém revisar o seu texto
O que são vícios de linguagem
Os vícios de linguagem são desvios não intencionais da norma padrão da língua portuguesa. Eles podem causar problemas de entendimento ou ruídos na comunicação. Existem vícios de linguagem de fala, como a cacofonia, que não são considerados erros de português. Mas também existem os erros de escrita, como o pleonasmo, que são considerados erros de português.
Em alguns casos, a cacofonia é utilizada de propósito para evocar duplo sentido ou humor. No entanto, quando é empregada indiscriminadamente demonstra que o usuário da língua não domina a norma culta do português.
Além da cacofonia, existem os seguintes vícios de linguagem:
- Barbarismo: uso incorreto das palavras.
- Estrangeirismo: uso de palavras estrangeiras.
- Pleonasmo: repetição de uma informação desnecessária.
- Ambiguidade: duplicidade de sentidos.
- Solecismo: erros gramaticais.
- Plebeísmo: uso de palavras de baixo calão.
- Gerundismo: uso exagerado do gerúndio.
Resumo sobre vícios de linguagem
Veja mais exemplos e explicações sobre os vícios de linguagem com a aula da professora Mercedes para melhorar sua escrita e sua interpretação de texto: