Por que o desmatamento caiu, mas os alertas na Amazônia cresceram?

Entenda a diferença entre os sistemas PRODES e DETER e o que isso revela sobre o cenário atual da Amazônia.

A Amazônia, uma das regiões mais importantes do planeta, está vivendo um momento curioso. De um lado, os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostram uma queda de 30,6% no desmatamento anual entre agosto de 2023 e julho de 2024 – é o menor índice desde 2015, segundo o sistema PRODES. De outro, o sistema DETER, que lança alertas diários, registrou um salto de 92% nos alertas de desmatamento só em maio de 2025. No acumulado, o aumento foi de 9,1% desde agosto de 2024.

Parece contraditório, né? Mas não é. Esses números contam histórias diferentes e complementares. Entender isso é essencial para interpretar o que está acontecendo com a floresta. Neste texto, vamos explicar o que cada sistema faz, como eles se relacionam e o que tudo isso significa na prática para a conservação da Amazônia.

PRODES e DETER: o que cada sistema faz?

O INPE monitora o desmatamento na Amazônia com dois sistemas principais:

PRODES

  • O que é: O Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite, criado em 1988 pelo INPE para identificar áreas de “corte raso” — onde a floresta é totalmente removida.
  • Objetivo: Produzir o balanço anual oficial do desmatamento, usado pelo governo como base para políticas públicas de longo prazo.
  • Metodologia: Utiliza imagens com alta resolução (como do Landsat) para mapear áreas acima de 6,25 ha, no período de 1º de agosto a 31 de julho, com divulgação anual.

DETER

  • O que é: O Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real, em operação desde 2004, criado para emitir alertas quase que imediatamente quando há mudanças na cobertura florestal .
  • Objetivo: Apoiar ações rápidas de fiscalização (como pelo IBAMA), indicando áreas com corte raso, degradação, queimadas ou mineração.
  • Metodologia: Capta alterações acima de 3 ha com imagens diárias ou quase diárias, incluindo dados de satélites como MODIS e CBERS.

Em conjunto: o PRODES oferece uma visão consolidada e oficial do quanto foi destruído num ano inteiro, enquanto o DETER atua como um sistema de alertas em tempo real, apontando onde a destruição está ocorrendo agora. O resultado? Um sistema integrado de diagnóstico e ação rápida contra o desmatamento.

A boa notícia: desmatamento em queda

Entre agosto de 2023 e julho de 2024, o PRODES mostrou uma queda significativa de 30,6% no desmatamento. Isso significa 6.288 km² de floresta devastada – o menor valor desde 2015. Esse resultado tem peso global: a redução evitou a emissão de gases equivalente à produção anual da Argentina!

O governo atribuiu essa melhora ao reforço na fiscalização e em políticas ambientais. Com mais equipamentos e equipes, o IBAMA conseguiu atuar de forma mais eficaz, especialmente em “municípios prioritários”, onde o desmatamento caiu 66%. Isso mostra que, com vontade política e estrutura, os resultados aparecem.

O alerta: aumento dos avisos no DETER

Apesar dos bons números do PRODES, os alertas do DETER subiram. Em maio de 2025, o aumento foi de 92% em relação ao mesmo mês do ano anterior. De agosto de 2024 a maio de 2025, o crescimento acumulado foi de 9,1%.

Boa parte desse aumento está ligada a queimadas criminosas, agravadas pela seca histórica que atingiu a região em 2023 e 2024. Os números são expressivos: os incêndios destruíram quase o dobro da área em maio de 2025, comparado a maio de 2024. Em 2024, eles representaram 51% de toda a destruição na Amazônia, contra apenas 1% em 2022.

Enquanto isso, outros biomas como Cerrado e Pantanal mostraram reduções nos alertas. Isso sugere que a Amazônia está sob pressão maior neste momento, seja por causas climáticas ou humanas.

Por que os dados do PRODES e do DETER não se contradizem

A chave para entender tudo isso está no tempo:

  • O PRODES olha para trás e mostra o que já aconteceu.
  • O DETER aponta o que está acontecendo agora.

Ou seja, os dados positivos do PRODES refletem os resultados de ações tomadas antes e durante aquele período. Já o aumento no DETER mostra novos desafios surgindo – especialmente os ligados às queimadas e à seca.

Dá pra pensar assim: o PRODES é uma foto de alta resolução tirada uma vez por ano. O DETER é uma câmera de segurança que registra tudo em tempo real. Os dois ajudam a entender o quadro completo.

Os impactos reais do desmatamento na Amazônia

A perda da Amazônia tem efeitos profundos:

Ambientais

  • Perda de biodiversidade
  • Mudanças no ciclo da água
  • Emissão de gases de efeito estufa
  • Aceleração das mudanças climáticas

Sociais e econômicos

  • Risco para o abastecimento de água
  • Agravamento de problemas de saúde
  • Prejuízos para as comunidades locais
  • Modelo econômico que prioriza lucro imediato sem pensar no futuro

Combater o desmatamento exige muito mais do que apenas fiscalizar. Precisa-se de investimento em infraestrutura básica, alternativas sustentáveis para a população local e respeito às culturas tradicionais.

O que pode ser feito para proteger a floresta

1. Reforçar a fiscalização: Investir em monitoramento, equipamentos e equipes de campo é essencial. O que funcionou até aqui precisa ser mantido e ampliado.

2. Incentivar um novo modelo de desenvolvimento: A Amazônia não pode ser vista apenas como uma fonte de recursos. Precisamos valorizar a floresta em pé, promover agroecologia, silvicultura responsável e envolver as comunidades na gestão dos territórios.

3. Conscientização e responsabilidade global: O mundo inteiro depende da Amazônia. Mudanças climáticas e desmatamento estão interligados. A solução passa por ações locais, mas também por pressão e apoio internacional.

4. Adaptar-se ao novo cenário climático: As secas estão mais fortes e frequentes. Isso exige que nossas estratégias sejam mais rápidas, flexíveis e preparadas para responder a situações climáticas extremas.

A Amazônia está no centro de uma disputa urgente. Não se trata apenas de proteger árvores, mas de garantir um futuro viável para todos.

Por que esse tema é um bom repertório para a redação do Enem

A relação entre desmatamento, mudanças climáticas e políticas públicas toca em eixos centrais do Enem: meio ambiente, responsabilidade social e intervenção estatal.

O contraste entre os dados do PRODES e do DETER permite discutir a complexidade da gestão ambiental no Brasil e serve como repertório para temas como degradação ambiental, crise hídrica, Amazônia Legal e fiscalização governamental. Além disso, traz dados concretos que podem ser usados como argumento de autoridade no texto dissertativo.

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