O que mais cai nas provas do Enem são questões interpretativas. Aprenda agora como fazer a Interpretação de Textos Literários para você chegar com segurança no dia do Exame.
Para mandar bem nas provas do Enem a receita universal é uma só: No pain, no gain. Ou seja, “sem esforço, não há conquista”. A melhor dica dos professores do Blog do Enem é você colocar o seu esforço nos temas que mais caem, nas questões mais frequentes, para você já se garantir no básico e ir com segurança para o Exame. Interpretação de Textos literários e enunciados técnicos é o que mais cai no Enem.
Então, se é o tema mais frequente em todas as edições do Exame Nacional do Ensino Médio, é preciso que você sempre experimente exercícios de Interpretação de textos. Pensa só: Imagina se você vai para o Enem sem a capacidade para ler e compreender os enunciados das questões? Já larga perdendo pontos.
Interpretação de Textos Literários
Veja com a professora Mercedes, do canal do Curso Enem Gratuito, uma síntese rápida e bem didática sobre a Interpretação de Textos Literários. Ela demonstra como as Variações Linguísticas são importantes. Elas sempre caem no Enem.
Confira na aula gratuita:
Muito bom o resumo da professora Mercedes. Vale a pena ver de novo. Agora, vamos começar o exercício aplicado de resolução de problemas de Interpretação de textos literários. Leia, com calma e prazer, a excelente crônica do autor Rubem Braga, que ele publicou em homenagem às mães:
Mãe
(Crônica dedicada ao Dia das Mães, embora com o final inadequado, ainda que autêntico.)
“O menino e seu amiguinho brincavam nas primeiras espumas; o pai fumava um cigarro na praia, batendo papo com um amigo. E o mundo era inocente, na manhã de sol.
Foi então que chegou a Mãe (esta crônica é modesta contribuição ao Dia das Mães), muito elegante em seu short, e mais ainda em seu maiô. Trouxe óculos escuros, uma esteirinha para se esticar, óleo para a pele, revista para ler, pente para se pentear — e trouxe seu coração de Mãe que imediatamente se pôs aflito achando que o menino estava muito longe e o mar estava muito forte.
Depois de fingir três vezes não ouvir seu nome gritado pelo pai, o garoto saiu do mar resmungando, mas logo voltou a se interessar pela alegria da vida, batendo bola com o amigo.
Então a Mãe começou a folhear a revista mundana — “que vestido horroroso o da Marieta neste coquetel” — “que presente de casamento vamos dar à Lúcia? tem de ser uma coisa boa” — e outros pequenos assuntos sociais foram aflorados numa conversa preguiçosa.
Mas de repente:
— Cadê Joãozinho?
O outro menino, interpelado, informou que Joãozinho tinha ido em casa apanhar uma bola maior.
— Meu Deus, esse menino atravessando a rua sozinho! Vai lá, João, para atravessar com ele, pelo menos na volta!
O pai (fica em minúscula; o Dia é da Mãe) achou que não era preciso:
— O menino tem OITO anos, Maria!
— OITO anos, não, oito anos, uma criança. Se todo dia morre gente grande atropelada, que dirá um menino distraído como esse!
E erguendo-se olhava os carros que passavam, todos guiados por assassinos (em potencial) de seu filhinho.
— Bem, eu vou lá só para você não ficar assustada.
Talvez a sombra do medo tivesse ganho também o coração do pai; mas quando ele se levantou e calçou a alpercata para atravessar os vinte metros de areia fofa e escaldante que o separavam da calçada, o garoto apareceu correndo alegremente com uma bola vermelha na mão, e a paz voltou a reinar sobre a face da praia.
Agora o amigo do casal estava contando pequenos escândalos de uma festa a que fora na véspera, e o casal ouvia, muito interessado — “mas a Niquinha com o coronel? não é possível!” — quando a Mãe se ergueu de repente:
— E o Joãozinho?
Os três olharam em todas as direções, sem resultado. O marido, muito calmo — “deve estar por aí”, a Mãe gradativamente nervosa — “mas por aí, onde?” — o amigo otimista, mas levemente apreensivo. Havia cinco ou seis meninos dentro da água, nenhum era o Joãozinho. Na areia havia outros. Um deles, de costas, cavava um buraco com as mãos, longe.
— Joãozinho!
O pai levantou-se, foi lá, não era. Mas conseguiu encontrar o amigo do filho e perguntou por ele.
— Não sei, eu estava catando conchas, ele estava catando comigo, depois ele sumiu.
A Mãe, que viera correndo, interpelou novamente o amigo do filho. “Mas sumiu como? para onde? entrou na água? não sabe? mas que menino pateta!” O garoto, com cara de bobo, e assustado com o interrogatório, se afastava, mas a Mãe foi segurá-lo pelo braço: “Mas diga, menino, ele entrou no mar? como é que você não viu, você não estava com ele? hein? ele entrou no mar?”.
— Acho que entrou… ou então foi-se embora.
De pé, lábios trêmulos, a Mãe olhava para um lado e outro, apertando bem os olhos míopes para examinar todas as crianças em volta. Todos os meninos de oito anos se parecem na praia, com seus corpinhos queimados e suas cabecinhas castanhas. E como ela queria que cada um fosse seu filho, durante um segundo cada um daqueles meninos era o seu filho, exatamente ele, enfim — mas um gesto, um pequeno movimento de cabeça, e deixava de ser.
Correu para um lado e outro. De súbito ficou parada olhando o mar, olhando com tanto ódio e medo (lembrava-se muito bem da história acontecida dois a três anos antes, um menino estava na praia com os pais, eles se distraíram um instante, o menino estava brincando no rasinho, o mar o levou, o corpinho só apareceu cinco dias depois, aqui nesta praia mesmo!) — deu um grito para as ondas e espumas — “Joãozinho!”.
Banhistas distraídos foram interrogados — se viram algum menino entrando no mar — o pai e o amigo partiram para um lado e outro da praia, a Mãe ficou ali, trêmula, nada mais existia para ela, sua casa e família, o marido, os bailes, os Nunes, tudo era ridículo e odioso, toda essa gente estúpida na praia que não sabia de seu filho, todos eram culpados — “Joãozinho !” — ela mesma não tinha mais nome nem era mulher, era um bicho ferido, trêmulo, mas terrível, traído no mais essencial de seu ser, cheia de pânico e de ódio, capaz de tudo — “Joãozinho !” — ele apareceu bem perto, trazendo na mão um sorvete que fora comprar.
Quase jogou longe o sorvete do menino com um tapa, mandou que ele ficasse sentado ali, se saísse um passo iria ver, ia apanhar muito, menino desgraçado!
O pai e o amigo voltaram a sentar, o menino riscava a areia com o dedo grande do pé, e quando sentiu que a tempestade estava passando fez o comentário em voz baixa, a cabeça curva, mas os olhos erguidos na direção dos pais:
— Mãe é chaaata…
Maio, 1953
Depois de assistir ao vídeo a seguir, veja logo abaixo os exercícios de interpretação de textos literários, com a obra ‘Mãe’, de Rubem Braga.
Aula Gratuita sobre Rubem Braga
Saiba mais sobre o autor Rubem Braga nesta reportagem sobre o centenário do autor de textos clássicos da literatura brasileira. Após assistir, continue estudando sobre o texto acima respondendo aos nossos desafios!
Desafios de Interpretação de Texto
Questão 01: Interpretação de Textos Literários
O texto tem como subtítulo “Crônica dedicada ao Dia das Mães, embora com o final inadequado, ainda que autêntico” porque
- (A) não é legal fazer uma crônica sobre mães que vão à praia de maiô.
- (B) no final da história, embora o menino tenha entendido a preocupação da mãe, o pai não gostou da reação dela.
- (C) não se espera que um texto em homenagem ao dia das Mães termine por uma qualificar uma delas como “chata”.
- (D) o menino queria de volta o sorvete que a mãe tirara dele.
Dica 1 – Saiba como tirar 1000 na Redação Enem. Os candidatos que já conseguiram nos mandaram suas redações para analisarmos e servir de exemplo, também nos informaram para qual instituição a nota do Enem os levou, confira! – https://blogdoenem.com.br/enem-2013-1000-na-redacao/
Questão 02 – No trecho “O menino e seu amiguinho brincavam nas primeiras espumas”, a expressão destacada dá a entender que as crianças brincavam:
- (A) na parte mais alta das ondas.
- (B) na parte rasa do mar.
- (C) só com a espuma que as ondas produziam.
- (D) na areia,longe da água.
Dica 2 – É normal que no último parágrafo da redação do Enem, você já esteja ansioso para terminar a prova logo. Nesta aula você vai entender a importância do último parágrafo. – https://blogdoenem.com.br/redacao-enem-conclusao/
Questão 03 – O texto trata PRINCIPALMENTE
- (A) da preocupação de uma mãe com a moda na praia.
- (B) da despreocupação geral dos homens na criação dos filhos.
- (C) da preocupação de uma mãe em relação ao filho.
- (D) do perigo de se ir comprar sorvete em uma praia.
Dica 3 – Não é incomum confundir a estrutura da introdução, do desenvolvimento e da conclusão na redação do Enem. Pra não errar mais, preste atenção em todas as dicas e garanta a nota 1000 – https://blogdoenem.com.br/redacao-enem-estrutura-texto/
Questão 04 – No texto, pode-se perceber que
- (A) o pai e a mãe chegam ao mesmo tempo na praia.
- (B) o pai e o amigo chegam ao mesmo tempo na praia.
- (C) a mãe chega depois do pai na praia.
- (D) o menino chega antes dos pais na praia.
Questão 05 – No trecho “mas quando ele se levantou e calçou a alpercata para atravessar os vinte metros de areia fofa e escaldante que o separavam da calçada”, a expressão em destaque significa
- (A) sandália que se prende ao pé por tiras de couro ou de pano.
- (B) roupa que se veste sobre a roupa de banho.
- (C) adereços decorativos especiais só para quem vai às praias que têm areias fofas e escaldantes.
- (D) sapato social que havia sido deixado ao lado da cadeira de praia.
Questão 06 – Da leitura do texto depreende-se que:
- (A) não se deve levar crianças à praia.
- (B) as pessoas nunca prestam atenção aos filhos na praia.
- (C) pais costumam ignorar a existência dos filhos.
- (D) mães tendem a exagerar na reação quando imaginam problemas com os filhos.
Você consegue resolver estes exercícios sobre interpretação de textos literários? Então resolva e coloque um comentário no post, logo abaixo, explicando o seu raciocínio e apontando a alternativa correta para cada questão. Quem compartilha a resolução de um exercício ganha em dobro: ensina e aprende ao mesmo tempo. Ensinar é uma das melhores formas de aprender!