Estrutura da Redação Enem: como chegar à nota 1000

A estrutura da Redação Enem, no formato dissertativo-argumentativo, é composta por três partes. Hoje, você vai aprender o passo a passo para desenvolver cada uma delas e garantir uma excelente nota no exame!

A estrutura da Redação Enem é composta por três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão. Até aí, provavelmente você já sabe, certo? Mas, para chegar a um texto dissertativo-argumentativo nota mil, é preciso entender como fazer essa construção e a melhor forma de desenvolver suas ideias.

Hoje, preparamos um passo a passo completo que vai te ensinar como conquistar os avaliadores do Exame Nacional do Ensino Médio, do Encceja e também dos vestibulares.

A estrutura da Redação Enem

Você já leu um texto sem introdução e conclusão, apenas com parágrafos de desenvolvimento? Colocando assim pode parecer estranho, mas esse é um erro que muitos candidatos cometem.

Para que você não perca pontos, é importante dominar a estrutura de um texto dissertativo-argumentativo, o modelo de redação cobrado no Enem, no Encceja e em vários vestibulares.

O modelo de estrutura de redação Enem que sugerimos aqui é de 4 parágrafos: um de introdução, dois de desenvolvimento e um de conclusão. Tanto a introdução quanto a conclusão necessitam sempre de apenas um parágrafo. Enquanto isso, o desenvolvimento tem um número variável de parágrafos.

Estrutura de uma redação

Na imagem acima você encontra o esqueleto de uma redação. Em seguida, você vai aprender como planejar e escrever cada um dos elementos do texto.

Introdução da Redação

Não é sem razão que o primeiro parágrafo da estrutura de uma redação é chamado de introdução, pois é nessa parte do texto que você vai expor (apresentar) as principais questões a serem abordadas no restante do texto.  No primeiro parágrafo, o leitor terá uma dimensão geral do assunto e vai entender as razões pelas quais a discussão do problema é relevante.

Nessa hora, você deve envolver o leitor e ser criativo o bastante para instigá-lo a continuar a leitura. Uma boa forma de fazer isso é relacionar o tema a aspectos pessoais e/ou sociais. Mostre como essa questão pode afetar a vida do leitor ou como ele está relacionado a ela.

Para que você consiga fazer isso, você pode dividir a sua introdução em 3 partes:

  1. contextualização;
  2. tema;
  3. tese.

Introdução perfeita na Redação Enem

A professora Daniela Garcia, do canal do Curso Enem Gratuito, explica como elabora uma introdução sem defeitos, respeitando a estrutura da Redação Enem. Assista à videoaula e confira o passo a passo em seguida!

1. Contextualização

A contextualização ou assunto é algo mais abrangente do que o tema, mas que está conectado a ele. Por exemplo: em 2023, o tema foi “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”.

O contexto que envolve essa temática é multifacetado. Pode-se explorar a história das lutas feministas no país, desde a busca por direitos trabalhistas até as demandas por igualdade de gênero. Aqui, obras como “Quarto de Despejo”, de Carolina Maria de Jesus, oferecem um mergulho nas condições de trabalho precárias enfrentadas por mulheres historicamente.

A invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pelas mulheres também se entrelaça com questões econômicas e sociais. Dados estatísticos podem ser um suporte valioso para essa discussão, como os números que revelam a disparidade na divisão do trabalho doméstico entre homens e mulheres, ou estatísticas sobre a inserção feminina no mercado de trabalho e os obstáculos enfrentados nesse contexto.

Além disso, é fundamental explorar políticas públicas voltadas para a valorização do trabalho de cuidado, como a licença maternidade, creches e políticas de equidade salarial.

O contexto é, portanto, um bom lugar para você citar algum repertório sociocultural, como um livro, um filme, uma música, um dado histórico ou estatístico.

2. Tema

Depois de fazer a contextualização, você precisa demonstrar como o contexto está ligado ao tema. Tente não copiar o tema de forma literal. Em vez disso, escreva com suas próprias palavras. Mas não esqueça de que todos os elementos do tema precisam estar presentes.

3. Tese

Em seguida, escreva a sua tese, ou seja, aquilo que pretende defender ao longo da redação. Essa é uma das partes mais importantes de todo o seu texto.  Para definir qual será a sua tese, você pode se perguntar: “o que eu acho sobre o tema?”. Partindo da sua resposta, você vai conseguir formular o objetivo do seu seu texto, ou seja, sua tese.

Perguntas na Introdução

Outras perguntas que podem auxiliar na criação da sua tese e, mais à frente, fornecer ideias para os parágrafos de desenvolvimento e para a conclusão:

  1.  Qual o problema?
  2.  Por que é um problema?
  3.  Quais as causas desse problema?
  4.  Há alguma solução?
  5.  Como e por que colocar tal solução em prática?
  6.  Como essa proposta pode, de fato, resolver o problema?

Exemplo de Introdução

“Segundo as ideias do sociólogo Habermas, os meios de comunicação são fundamentais para a razão comunicativa. Visto isso, é possível mencionar que a internet é essencial para o desenvolvimento da sociedade. Entretanto, o meio virtual tem sido utilizado, muitas vezes, para a manipulação do comportamento do usuário, pelo controle de dados, podendo induzir o indivíduo a compartilhar determinados assuntos ou a consumir certos produtos. Isso ocorre devido `falha de políticas públicas efetivas que auxiliem o indivíduo a “navegar”, de forma correta, na internet, e à ausência de consciência, da grande parte da população, sobre a importância de saber utilizar adequadamente o meio virtual. Essa realidade constituiu um desafio a ser resolvido não somente pelos poderes públicos, mas também por toda a sociedade”.

O que você não deve fazer na Introdução

O principal cuidado que você deve ter ao escrever a introdução do seu texto é não misturar os assuntos. A pluralidade de ideias deixa o texto poluído e o leitor confuso. E ainda: não mencione nenhum fato na introdução que não será explorado ao longo do texto. Foque na sua tese principal.

É recomendável evitar períodos longos no primeiro parágrafo. O espaço para produzir orações mais longas é o desenvolvimento. E mesmo assim, esse recurso deve ser usado com bastante critério.

Como fazer o desenvolvimento

A professora Daniela também preparou um vídeo para explicar como escrever os parágrafos de desenvolvimento! Confira a aula em vídeo e depois o passo a passo em texto.

Essa parte da estrutura de uma redação pode ser resumida em duas palavras: argumentação e exemplificação. É aqui que as informações mais polêmicas devem aparecer.

Nesse espaço, você também pode dar voz a visões opostas sobre o assunto. Tudo o que foi levantado na introdução deve ser discutido aqui e cada parágrafo pode ser usado para desenvolver uma ideia diferente.

Mas, como conseguir fazer isso na prática? O primeiro passo é relembrar a tese ou objetivo que você criou na introdução. Por exemplo: numa redação sobre agrotóxicos, você pode estabelecer como objetivo mostrar que os agrotóxicos são um retrocesso para a saúde e para a agricultura.

Desmembre esse objetivo em dois: um para o primeiro parágrafo de desenvolvimento e outro para o segundo. No caso do exemplo anterior, você poderia escrever um parágrafo sobre o impacto dos agrotóxicos na saúde e outro na agricultura.

Se você tiver dificuldade para estabelecer os objetivos dos parágrafos, pode olhar para sua tese e se perguntar “por que eu acho isso?”. A partir da resposta, você formula duas ideias diferentes e explica melhor cada uma delas em um parágrafo do desenvolvimento da redação.

Depois de estabelecidos os objetivos dos parágrafos, você vai precisar de 4 elementos para construir cada um dos seus parágrafos de desenvolvimento: afirmação, explicação, exemplificação e conclusão.

Afirmação ou tópico frasal

O primeiro elemento do parágrafo deve ser uma afirmação do seu objetivo. Essa frase vai dizer o que você vai abordar naquele parágrafo.

Explicação

Em seguida, você vai explicar a afirmação. Ou seja, vai explicar como os agrotóxicos interferem na saúde.

Exemplificação

Também é importante dar exemplos para enriquecer a sua argumentação. É nesse momento que você deve utilizar o seu repertório sociocultural, citando uma atualidade, um livro, um filme, uma fala de alguém, um estudo, uma música, entre outras.

Conclusão

Por fim, é importante concluir o parágrafo e mostrar  como a explicação e os exemplos fizeram você encontrar o seu objetivo. No nosso exemplo, a conclusão deveria mostrar como a explicação e os exemplos mostraram que agrotóxicos fazem mal à saúde.

Como escrever o desenvolvimento da redação do Enem
Como escrever o desenvolvimento da redação do Enem

Exemplo de parágrafo de desenvolvimento

Veja um exemplo de um parágrafo de desenvolvimento. O trecho abaixo é uma continuação da introdução apresentada no item anterior.

“No contexto relativo à manipulação do comportamento do usuário, pode-se citar que no século XX, a Escola de Frankfurt já abordava sobre a “ilusão de liberdade do mundo contemporâneo”, afirmando que as pessoas eram controladas pela “indústria cultural”, disseminada pelos meios de comunicação de massa. Atualmente, é possível traçar um paralelo com essa realidade, visto que milhões de pessoas no mundo são influenciadas e, até mesmo, manipuladas, todos os dias pelo meio virtual, por meio de sistemas de busca ou de redes sociais, sendo direcionadas a produtos específicos, o que aumenta, de maneira significativa, o consumismo exacerbado. Isso é intensificado devido à carência de políticas públicas efetivas que auxiliem o indivíduo a “navegar” corretamente na internet, explicando-lhe sobre o posicionamento do controle de dados e ensinando-lhe sobre como ser um consumidor consciente”.

O que não fazer no desenvolvimento

Como os parágrafos de desenvolvimento são mais longos, se você não estiver atento, corre o risco de repetir informações – o que acarreta na perda de pontos. O mesmo erro pode ocorrer na ânsia de convencer o leitor sobre os seus argumentos.

Outro cuidado importante é em relação aos exemplos, que devem ser bastante representativos para situar o leitor e estabelecer a comunicação. Imagine que seus exemplos são uma espécie de pontos luminosos do seu texto. Eles devem ser claros o bastante para dar ainda mais legitimidade aos seus argumentos dentro da estrutura da redação.

Como fazer uma conclusão

Se a palavra-chave do desenvolvimento é argumentação, no último parágrafo o termo que você deve ter em mente é solução. Você levantou uma determinada questão ao longo do texto, certo?

A conclusão é o momento de apresentar as possíveis saídas para o problema por meio da proposta de intervenção e, assim, finalizar a estrutura da redação de forma completa.

O seu parágrafo de conclusão divide-se em três partes: uso de conectivo de conclusão, retomada do objetivo e proposta de intervenção.

1. Conectivo para conclusão

Primeiramente, você deve lembrar que o parágrafo de conclusão sempre deve iniciar com um conectivo. Você pode usar “portanto” ou “dessa forma”, por exemplo.  Lembrando que o uso de conectivos sempre ajuda a manter a coesão e a coerência do seu texto.

2. Retomada do objetivo

Em seguida, retome os objetivos da sua redação, tanto o que foi estabelecido na introdução quanto aqueles dos seus parágrafos de desenvolvimento.

3. Proposta de intervenção

Por fim, você deve escrever uma proposta de intervenção. Essa é uma parte muito importante, pois só a proposta de intervenção já vale 200 pontos da nota da sua redação.

Os corretores da redação não esperam que durante o tempo de prova você encontre uma solução para o problema tematizado. Eles somente esperam que você exponha alguma ação que ajude no enfrentamento do problema. Não precisa ser nada inédito, só precisa ser uma intervenção bem estruturada.

Mas, como fazer uma proposta de intervenção correta e completa? Ela precisa ter 5 elementos:

  1. Ação (o que?)
  2. Agente (quem?)
  3. Efeito (para quê?)
  4. Modo (como?)
  5. Detalhamento (explicação e exemplos)

Portanto, não é suficiente citar uma intervenção de maneira genérica, sem explicar quem seria o responsável ou de que forma seria colocada em prática.

Exemplo de conclusão

“Portanto, cabe aos Estados, por meio de leis e de investimentos, com um planejamento adequado, estabelecer políticas públicas efetivas que auxiliem a população a “navegar”, de forma correta, na internet, mostrando às pessoas a relevância existente em utilizar o meio virtual racionalmente, a fim de diminuir, de maneira considerável, o consumo exacerbado, que é intensificado pela manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados. Além disso, é de suma importância que as instituições educacionais promovem, por meio de campanhas de conscientização, para pais e alunos, discussões engajadas sobre a imprescindibilidade de saber usar, de maneira cautelosa, a internet, entendendo a relevância de uma “polarização digital” para a concretização da razão comunicativa, com o intuito de utilizar o meio virtual para o desenvolvimento pleno da sociedade”.

Em seguida, confira os cinco elementos presentes na proposta de intervenção do exemplo:

  1. Ação: “estabelecer políticas públicas efetivas”.
  2. Agente: “Estados”.
  3. Efeito: “a fim de diminuir, de maneira considerável, o consumo exacerbado”.
  4. Modo: “por meio de leis e de investimentos”.
  5. Detalhamentos: “que auxiliem a população a ‘navegar’, de forma correta, na internet, mostrando às pessoas a relevância existente em utilizar o meio virtual racionalmente”, “que é intensificado pela manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados”.

Como construir a estrutura da redação Enem

Por fim, assista mais uma aula da professora Daniela explicando como se organizar na hora de planejar a estrutura da Redação Enem:

Modelo de Redação Enem Nota 1000

Antes de finalizar a sua revisão, leia a redação nota 1000 do candidato Marcus Vinícius M. de Oliveira:

Marcus Vinícius M. de Oliveira – SAS

No Brasil, o início do processo de educação de surdos remonta ao Segundo Reinado. No entanto, esse ato não se configurou como inclusivo, já que se caracterizou pelo estabelecimento de um “apartheid” educacional, ou seja, uma escola exclusiva para tal público, segregando-o dos que seriam considerados “normais” pela população.

Assim, notam-se desafios ligados à formação educacional das pessoas com dificuldade auditiva, seja por estereotipação da sociedade civil, seja por passividade governamental.

Portanto, haja vista que a educação é fundamental para o desenvolvimento socioeconômico do referido público e, logo, da nação, ela deve ser efetivada aos surdos pelos agentes adequados, a partir da resolução dos entraves vinculados a ela.

Sob esse viés, pode-se apontar como um empecilho à implementação desse direito, reconhecido por mecanismos legais, a discriminação enraizada em parte da sociedade, inclusive dos próprios responsáveis por essas pessoas com limitação.

Isso pode ser explicado segundo o sociólogo Talcot Parsons, o qual diz que a família é uma máquina que produz personalidades humanas, o que legitima a ideia de que o preconceito por parte de muitos pais dificulta o acesso à educação pelos surdos.

Tal estereótipo está associado a uma possível invalidez da pessoa com deficiência e é procrastinado, infelizmente, desde o Período Clássico grego, em que deficientes eram deixados para morrer por serem tratados como insignificantes, o que dificulta, ainda hoje, seu pleno desenvolvimento e sua autonomia.

Além do mais, ressalte-se que o Poder Público incrementou o acesso do público abordado ao sistema educacional brasileiro ao tornar a Libras uma língua secundária oficial e ao incluí-la, no mínimo, à grade curricular pública. Contudo, devido à falta de fiscalização e de políticas públicas ostensivas por parte de algumas gestões, isso não é bem efetivado.

Afinal, dados estatísticos mostram que o número de brasileiros com deficiência auditiva vem diminuindo tanto em escolas inclusivas – ou bilíngues – como em exclusivas, a exemplo daquela criada no Segundo Reinado. Essa situação abjeta está relacionada à inexistência ou à incipiência de professores que dominem a Libras e à carência de aulas proficientes, inclusivas e proativas, o que deveria ser atenuado por meio de uma maior gerência do Estado nesse âmbito escolar.

Diante do exposto, cabe às instituições de ensino com proatividade o papel de deliberar acerca dessa limitação em palestras elucidativas por meio de exemplos em obras literárias, dados estatísticos e depoimentos de pessoas envolvidas com o tema, para que a sociedade civil, em especial os pais de surdos, não seja complacente com a cultura de estereótipos e preconceitos difundida socialmente.

Outrossim, o próprio público deficiente deve alertar a outra parte da população sobre seus direitos e suas possibilidades no Estado civil a partir da realização de dias de conscientização na urbe e da divulgação de textos proativos em páginas virtuais, como “Quebrando Tabu”.

Por fim, ativistas políticos devem realizar mutirões no Ministério ou na Secretaria de Educação, pressionando os demiurgos indiferentes à problemática abordada, com o fito de incentivá-los a profissionalizarem adequadamente os professores – para que todos saibam, no mínimo, o básico em Libras – e a efetivarem o estudo da Língua Brasileira de Sinais, por meio da disponibilização de verbas e da criação de políticas públicas convenientes, contrariando a teórica inclusão da primeira escola de surdos brasileira.

E então, ficou mais fácil de entender como desenvolver a estrutura da Redação Enem? Temos certeza de que você conseguir uma excelente avaliação. Boa sorte!

Melina Zanotto

Melina Zanotto é Jornalista, formada pela Universidade de Caxias do Sul em 2007. De lá para cá, sempre atuou com conteúdo digital em seus mais diversos formatos. Hoje, é redatora da Rede Enem, produzindo textos para o Blog do Enem e Curso Enem Gratuito.
Categorias: Enem, Redação Enem
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