Transitividade verbal: o que é verbo transitivo e intransitivo

A transitividade verbal é a relação estabelecida entre o verbo e outros termos da oração. Assim, um verbo pode ser classificado como transitivo direto, transitivo indireto, transitivo direto e indireto, ou intransitivo. Entenda a diferença entre eles!

A transitividade verbal pode até parecer um daqueles conteúdos que aprendemos na escola e depois nunca mais utilizamos. Mas, na verdade, saber qual é a transitividade de um verbo é muito útil na hora de escrever qualquer tipo de texto. Conhecer as regras que classificam os verbos em intransitivos, transitivos diretos ou indiretos evita que você cometa vários tipos de erros. Então confira o que é transitividade verbal, a classificação dos verbos, exemplos e faça exercícios para praticar o que você aprendeu!

O que é transitividade verbal

A transitividade verbal se refere à relação estabelecida entre os verbos transitivos e os seus complementos. Ela existe porque, sozinho, o verbo transitivo não tem sentido completo, o que significa que ele tem que transitar para um elemento que o complete.

Em outras palavras, transitividade verbal é a necessidade de ter complemento apresentada por alguns verbos. A esses verbos que exigem complemento chamamos de transitivos e aos que não exigem complemento chamamos de intransitivos.

Antes de partir para a classificação da transitividade dos verbos, confira esta videoaula da prof. Mercedes sobre a classificação geral dos verbos:

O que é verbo transitivo

O verbo transitivo é aquele que exige a presença de um complemento para que possamos entender o seu significado. Observe o exemplo:

Minha irmã toca bateria numa banda.

Nesta frase, podemos observar que o verbo “tocar” é transitivo, pois necessita de um complemento para fazer sentido. Se a frase fosse somente “Minha irmã toca”, automaticamente nós nos perguntaríamos: toca o quê? Isso ocorre porque os verbos transitivos não possuem sentido completo quando estão sozinhos.

Existem três classificações de transitividade verbal: transitivo direto, transitivo indireto, e transitivo direto e indireto. Em seguida vamos ver a diferença entre elas.

 

Verbo transitivo direto

Os verbos transitivos diretos (VTD) são aqueles que se ligam diretamente ao complemento sem a necessidade de uma preposição. Assim, o verbo precisa de um complemento que conclua “o quê” ou “quem”. Observe exemplos de verbos transitivos diretos em frases:

  • Finalmente ele terminou os estudos para o Enem. (Terminou o quê? Os estudos.)
  • Eu machuquei o joelho enquanto andava de bicicleta. (Machucou o quê? O joelho.)
  • Até que enfim vou abraçar os meus avós! (Abraçar quem? Os meus avós.)

Quando o complemento se liga diretamente ao verbo, isto é, sem preposição, dizemos que é um objeto direto. Veja os exemplos:

  • Finalmente ele terminou os estudos. (VTD: terminou. Objeto direto: os estudos.)
  • Eu machuquei o joelho. (VTD: machuquei. Objeto direto: o joelho.)
  • Vou abraçar os meus avós! (VTD: quero. Objeto direto: os meus avós.)

Verbo transitivo indireto

Os verbos transitivos indiretos (VTI) são aqueles que precisam de preposição para ligarem-se ao complemento. Nesses casos, os verbos precisam de complementos que concluam “com quem”, “de quê “ou “de quem”, “em quê”, “para quê” ou “para quem”, “por quem”. Observe exemplos de verbos transitivos indiretos em frases:

  • As receitas pertencem ao cozinheiro. (Pertencem a quem? Ao cozinheiro.)
  • Eu não necessito de ajuda. (Necessita de quê? De ajuda.)
  • Inegavelmente ela acredita em horóscopo. (Acredita em quê? Em horóscopo.)

Quando um verbo necessita de preposição para ligar-se ao complemento, dizemos que o complemento é um objeto indireto. Veja os exemplos:

  • As receitas pertencem ao cozinheiro. (VTI: pertencem. Objeto indireto: ao cozinheiro.)
  • Eu não necessito de ajuda. (VTI: Necessito. Objeto indireto: de ajuda.)
  • Inegavelmente ela acredita em horóscopo. (VTI: Acredita. Objeto indireto: Em horóscopo.)

Verbo transitivo direto e indireto

Os verbos transitivos diretos e indiretos, também chamados de bitransitivos, são aqueles que precisam de dois complementos: um sem preposição obrigatória (objeto direto) e outro que exige preposição (objeto indireto). Portanto, esses verbos precisam de objeto direto e indireto e os complementos concluem “o que a quem”.

  • Eu emprestei dinheiro ao meu amigo. (Emprestou o que a quem? Dinheiro ao meu amigo.)
  • Ele devolveu o livro à professora. (Devolveu o que a quem? O livro à professora.)
  • Minha mãe entregou a carta ao funcionário. (Entregou o que a quem? A carta ao funcionário.)

Em seguida, veja quais são os objetos diretos e indiretos dos exemplos:

  • Eu emprestei dinheiro ao meu amigo. (Objeto direto: dinheiro. Objeto indireto: ao meu amigo.)
  • Ele devolveu o livro à professora. (Objeto direto: o livro. Objeto indireto: à professora.)
  • Minha mãe entregou a carta ao funcionário. (Objeto direto: a carta. Objeto indireto: ao funcionário.)

Resumo de transitividade verbal

O que é verbo intransitivo

Por fim, os verbos intransitivos são aqueles que não precisam de complemento para fazerem sentido. Ou seja: os verbos intransitivos têm sentido completo. Por isso, nesses casos você não precisa se preocupar com a transitividade verbal. Observe as frases a seguir só para exemplificar o uso de verbos intransitivos:

  • A criança chorava sem parar.
  • O bebê nasceu.
  • Meu pai já deitou-se.
  • Cheguei!
  • O carro simplesmente explodiu.

Identificando a transitividade verbal

A fim de complementar os estudos, vamos identificar juntos a transitividade verbal presente nesta tira de Fernando Gonsales:

Tirinha do Níquel Náusea - Transitividade verbal

1- Em primeiro lugar, identifique o sujeito e o predicado destas duas orações da tira: “No frio, o meu tornozelo incha!” e “Abaixe a meia!”

1ª oração: Sujeito: o meu tornozelo. Predicado: No frio

2ª oração: Sujeito: você (desinencial). Predicado: Abaixe a meia!

2- Em qual das orações o verbo precisa de um termo para complementá-lo?

Perceba que na primeira oração a forma verbal “incha” concorda com o sujeito, “o meu tornozelo”. Por isso, está na 3ª pessoa do singular. A ação de inchar refere-se apenas ao sujeito, não se estende a outros seres. Portanto, o verbo da oração não precisa de complemento e pode ser classificado como intransitivo.

Enquanto isso, na segunda oração, a forma verbal “abaixe” também concorda com o sujeito (“você”) e indica uma ação praticada por ele. No entanto, a ação de abaixar recai sobre outro ser (“a meia”). Nessa oração, o termo “a meia” completa o sentido do verbo (quem abaixa, abaixa alguma coisa), tornando precisa a informação. Portanto, nesta oração o verbo é transitivo direto e precisa de complemento.

Lembre-se: para identificar a transitividade de um verbo é preciso observar o contexto em que ele está empregado. Dessa maneira, nunca devemos considera-lo isoladamente. Observe os exemplos em seguida e veja como o mesmo verbo pode apresentar diferentes sentidos e transitividades verbais:

  • Com apenas 13 anos, Bruce virou (verbo de ligação) homem (predicativo do sujeito).
  • Esse ventilador vira (verbo intransitivo) rápido demais.
  • Migue virou (verbo transitivo direto) o copo de água (objeto direto) sobre a mesa.

Função sintática dos pronomes oblíquos átonos

Os pronomes oblíquos átonos podem desempenhar as funções sintáticas de objeto direto e de objeto indireto. Assim sendo, os de 3ª pessoa têm funções fixas: o(s), a(s) de objeto direto e lhe(s) de objeto indireto. Enquanto isso, os pronomes me, te, se, nos e vos podem ter funções de objeto direto e de objeto indireto, dependendo do verbo que complementam. Na frase abaixo, por exemplo, o pronome oblíquo átono te é objeto indireto do verbo contar e objeto direto do verbo amar.

Preciso te contar um segredo: eu te amo.

Resumo sobre transitividade verbal

Antes de finalizar os seus estudos, confira esta videoaula sobre transitividade verbal e, em seguida, resolva os exercícios selecionados.

Exercícios sobre transitividade verbal

Por fim, resolva os exercícios a seguir para saber como este conteúdo aparece nos vestibulares:

1 – (FAMEMA SP/2021)

Leia o trecho do poema “Amor feinho”, de Adélia Prado.

Eu quero amor feinho.

Amor feinho não olha um pro outro.

Uma vez encontrado é igual fé,

não teologa mais.

Duro de forte, o amor feinho é magro, doido por sexo

e filhos tem os quantos haja.

Tudo que não fala, faz.

Planta beijo de três cores ao redor da casa

e saudade roxa e branca,

da comum e da dobrada.

Amor feinho é bom porque não fica velho.

Cuida do essencial; o que brilha nos olhos é o que é:

eu sou homem você é mulher.

Amor feinho não tem ilusão,

o que ele tem é esperança:

eu quero amor feinho.

(Bagagem, 2011.)

“Eu quero amor feinho.”

O verbo sublinhado é transitivo direto, assim como o verbo sublinhado em:

a) “Amor feinho não olha um pro outro.”

b) “não teologa

c) “Uma vez encontrado é igual fé,”

d) “Amor feinho é bom porque não fica

e) “Planta beijo de três cores ao redor da casa”

2- (UniRV GO/2019)

Assinale V (verdadeiro) ou F (falso) para as alternativas de acordo com o texto abaixo:

“Não responderam à professora, quando questionados.”

O verbo sublinhado é classificado como:

a) Verbo de ligação.

b) Verbo intransitivo.

c) Verbo transitivo direto e indireto.

d) Verbo transitivo indireto.

3- (PUC GO/2018)  

o barulho do serrote

o barulho de quem lava roupa

parecem o choro de quem chora

uma vida pouca

parece até que está na hora

de levantar

e ver que a vida

nunca vai ser outra

(LEMINSKI, Paulo. Toda poesia. 12. reimpr. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. p. 333.)

No texto, poema de Paulo Leminsky, há um rompimento da sintaxe tradicional, se considerado o processo de transitividade verbal. Assinale a alternativa que indica corretamente esse rompimento:

a) O verbo “lavar”, que requer sujeito gramatical com traço humano, é metaforizado ao selecionar como complemento a palavra “roupa”.

b) O verbo “chorar”, tradicionalmente intransitivo, é transitivizado ao receber o complemento “uma vida pouca”.

c) O verbo “parecer”, em sua primeira ocorrência, descreve uma ação praticada por um sujeito indeterminado.

d) O verbo “ver”, comumente entendido como verbo de percepção sensorial, é utilizado com o sentido de visualizar uma realidade concreta ao selecionar um objeto oracional.

Gabarito:

  1. E
  2. FFFV
  3. B
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