Veja o que é a Filosofia Contemporânea e suas características

A filosofia contemporânea começa com o fim da Idade Moderna, sedo seu marco a Revolução Francesa. Assim, a filosofia contemporânea se inicia no século XIX e estende-se até os dias atuais.

A filosofia contemporânea tem seu inicio no século XIX e se estende até os dias atuais. Veja os acontecimentos históricos desde o século XVIII que acabaram influenciando não só no contexto social, mas também no campo filosófico.

O que é Filosofia Contemporânea?

Em primeiro lugar, precisamos pontuar em que tempo teve início a Filosofia Contemporânea. Um acontecimento histórico que marca essa passagem da Idade Moderna (e Filosofia Moderna) para a Idade Contemporânea é a Revolução Francesa (1789 – 1799).

Ela aconteceu na esteira do pensamento Iluminista, que produziu no seio da Revolução Francesa a trilogia dos ideais de Liberdade, Igualdade, e Fraternidade.

Como resultado, temos uma forte crença no entusiasmo, num progresso da humanidade e na defesa da ciência como a principal condutora desse caminho.

Ou seja, na Filosofia contemporânea os filósofos e pensadores passam a acreditar totalmente no saber cientifico e na tecnologia para controlar a Natureza, a sociedade e os indivíduos.

Filosofia contemporânea: características

Ao mesmo tempo ocorria a Revolução Industrial, inicialmente na Inglaterra e, posteriormente, com sua rápida expansão na Europa. Isso gerou progresso técnico científico e a consolidação do capitalismo como modelo econômico. Assim, essas mudanças trouxeram consigo novas formas de organização da sociedade no campo social e no mundo do trabalho.

Contudo, a Revolução Industrial trouxe também na organização das fábricas uma condição degradante do trabalho, inclusive para mulheres e crianças.

Começou-se a questionar, portanto, até que ponto os avanços da ciência e da industrialização tornaram os serem humanos mais felizes.

Agora um resumo das características da Filosofia Contemporânea: defesa da ciência, crença no desenvolvimento humano, novas organizações sociais e mudanças no mundo do trabalho.

Para entender mais sobre essas características da Filosofia Contemporânea, veja as duas aulas abaixo sobre Iluminismo e Revolução Industrial:

Agora, veja o resumo sobre a Revolução Industrial:

A crise da razão

Dentro desse contexto de sucessivas mudanças ocorridas na Europa Ocidental, e já com a crescente urbanização e industrialização avançadas, os pensadores começam a buscar uma resposta para a pergunta se, de fato, as novas sociedades estavam gerando bem-estar e felicidade aos humanos.

Assim surgem as correntes de pensamento que foram denominadas de socialistas em função das bandeiras sociais que defendiam.

Nesse sentido também vemos surgir, no século XVIII e prolongando-se até o século XIX, um movimento cultural envolvendo a arte chamado romantismo.

O símbolo do início do romantismo na Europa foi a publicação do romance Os sofrimentos do jovem Werther, pelo escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe, em 1774.

Este movimento foi uma reação ao espírito racionalista, derivado do Iluminismo, e que que pretendia abraçar o mundo e orientar a sociedade. Assim, começamos a entender como ficava a razão na Filosofia Contemporânea.

Da mesma forma, no Brasil, o romantismo surge no século XIX, em 1836, quando Gonçalves de Magalhães publica Suspiros Poéticos e Saudades.

Pensamentos contemporâneos

Na passagem do século XIX para o século XX a Europa tem novas ondas de questionamento cultural, filosófico, econômico e politico.

Em 1848 surge o Manifesto Comunista, com o pensamento do alemão Karl Marx com as propostas que envolviam, inclusive, a desapropriação dos meios de produção. Veja um resumo rápido sobre Karl Marx:

Por outro lado, em 1905, o também alemão Max Weber estabelece os marcos de um pensamento liberal em relação à organização da sociedade.

Karl Marx passa a ser interpretado nos meios políticos como um apologista da Ditadura do Proletariado, da centralização do governo e da desapropriação dos bens em favor do Estado.

Max Weber, em contrapartida, é apropriado como o pensador que entende o Estado centralizador como um problema, e não como uma solução.

Dessa forma ele vê no indivíduo empreendedor a mola da mudança social, e não em entes políticos controladores do poder. Veja um resumo sobre Max Weber:

Contexto da Filosofia Contemporânea

No início do Século XX, com a criação da psicanálise de Sigmund Freud e sua teoria da psicologia do inconsciente, surge uma enorme dúvida sobre a total confiança da razão sobre os assuntos humanos.

Nesse sentido, uma grande parte do comportamento dos humanos estava vinculada ao Id, vinculado aos instintos primários e busca do prazer egoísta.

A outra estaria vinculada ao Superego, ligada à cultura hegemônica na sociedade onde se insere o indivíduo. Por fim, apenas uma parte das ações sob controle do Ego, que seria a instância racional de diálogo com a realidade.

Não podemos deixar de ressaltar também que no século XX o mundo teve duas guerras mundiais que destruíram muitas famílias, vilas, cidades e países.

Em 1917 a Rússia modifica a geopolítica mundial ao estabelecer a Revolução Comunista. Hitler domina a Alemanha com o pensamento nazifascista a partir de 1933, provocando a Segunda Guerra Mundial em 1939.

Comunistas liderados pela Rússia, e capitalistas liderados pela Inglaterra e pelos Estados Unidos lutam  como Aliados para combater o Exército Nazista.

Ao final da guerra, em 1945, comunistas e capitalistas fazem a partilha da Europa Oriental, cortando inclusive a Alemanha derrotada ao meio.

Polarização da Guerra Fria

O mundo entra num estágio de Guerra Fria, com ameaças nucleares entre comunistas liderados pela Rússia no comando da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas; e os capitalistas, liderados pelos Estados Unidos da América.

Foram quase quatro décadas de seguidas disputas e ameaças.

Nesse ínterim, durante o ciclo da Guerra Fria ocorre uma disputa de supremacia militar e tecnológica entre os dois grandes blocos. Assim surgem grandes invenções como os telescópio em órbita, naves espaciais que levam o homem à lua, a engenharia genética e a tecnologia da informação.

O ciclo da Guerra Fria perde-se na linha do tempo com a ruína do comunismo na União Soviética, que morre sem combate ou resistência.

O marco simbólico do fim do comunismo como experiência histórica de governo em grande escala acontece com a queda do Muro de Berlim, em 1889. Nesse ínterim, vemos o final da Cortina de Ferro na Europa, com a desagregação progressiva dos países satélites à Rússia e que integravam a URSS.

Crise da Filosofia da Ciência

Veja como o mundo do pensamento reagiu a tantas mudanças, provocando reflexões profundas acerca da Filosofia da Ciência:

Na primeira metade do século XXI surge à teoria da relatividade de Einstein e, um tempo mais tarde, Heisenberg cria o princípio da incerteza, lança, portanto, uma progressiva mudança nos paradigmas da ciência.

Em contrapartida, o pensamento contemporâneo passa a refletir no campo da filosofia que a tecnologia também trouxe uma corrida para o armamento com o medo de uma destruição atômica recíproca nos tempos da Guerra Fria.

Além disso, alguns teóricos alertavam que a tecnologia não trouxe de efetivo para diminuir as crescentes desigualdades sociais.

Nesse sentido já começamos a perceber que o papel da a razão na Filosofia Contemporânea. Ou seja, a total confiança na razão que surgiu no período moderno e na Filosofia Moderna começa entrar em crise.

Surge, portanto, uma mentalidade menos arrogante quanto aos benefícios infalíveis da racionalidade científica.

Filósofos contemporâneos

Na lista de filósofos contemporâneos contamos com muitos filósofos famosos. Esse conteúdo é importante para você conseguir situar cada pensador com o seu momento histórico.

Primeiramente vamos aos principais filósofos do Século XIX:

Além disso, também temos filósofos famosos representando o que é a Filosofia Contemporânea no Século XX:

  • Sigmund Freud (A Interpretação dos Sonhos)
  • Edmund Husserl (Investigações Lógicas)
  • Max Horkheimer (Dialética do Iluminismo)
  • Jean-Paul Sartre (O ser e o nada)

Aproveite para estudar o filósofo contemporâneo Husserl com nossa videoaula:

Além disso, você também pode estudar o filósofo contemporâneo Sartre com nossa videoaula:

Filosofia Contemporânea no Brasil

No Brasil também temos muitos filósofos famosos que exemplificam o que é a Filosofia Contemporânea. Assim, vamos a lista da Filosofia Contemporânea no Brasil:

  • Marilena Chauí (Convite à Filosofia)
  • Mario Sergio Cortella (Não nascemos prontos! Provocações filosóficas)
  • Leandro Konder (Introdução ao Fascismo)
  • Djamila Ribeiro (O que é lugar de fala?)

Resumo de Filosofia Contemporânea

Por fim, vamos revisar tudo o que aprendemos nessa aula com um resumo sobre a Filosofia Contemporânea.

É preciso lembrar que ela tem como ponto de partida uma reação a total confiança na razão como meio de emancipação do ser humano e da sociedade.

Dessa forma, diante de tantos problemas surgidos na época anterior, surgiram correntes filosóficas que buscaram no próprio ser humano e no seu contexto o meio para as reflexões filosóficas.

Filosofia Contemporânea no Enem

O Enem costuma cobrar questões interdisciplinares e muitas delas podem ter uma pitada de Filosofia. Por isso, é muito importante estudar a disciplina.

Assim, uma das melhores maneiras de conquistar uma boa nota no Enem é resolvendo os exercícios das provas anteriores. Separamos alguns exercícios de filosofia contemporânea no Enem:

Questão 01 – (ENEM/2018)

A maioria das necessidades comuns de descansar, distrair-se, comportar-se, amar e odiar o que os outros amam e odeiam pertence a essa categoria de falsas necessidades. Tais necessidades têm um conteúdo e uma função determinada por forças externas, sobre as quais o indivíduo não tem controle algum.

MARCUSE, H. A ideologia da sociedade industrial: o homem unidimensional. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.

Segundo Marcuse, um dos pesquisadores da chamada Escola de Frankfurt, tais forças externas são resultantes de

a) aspirações de cunho espiritual.

b) propósitos solidários de classes.

c) exposição cibernética crescente.

d) interesses de ordem socioeconômica.

e) hegemonia do discurso médico-científico.

Gab: D

Questão 02 – (ENEM/2016)

Hoje, a indústria cultural assumiu a herança civilizatória da democracia de pioneiros e empresários, que tampouco desenvolvera uma fineza de sentido para os desvios espirituais. Todos são livres para dançar e para se divertir, do mesmo modo que, desde a neutralização histórica da religião, são livres para entrar em qualquer uma das inúmeras seitas. Mas a liberdade de escolha da ideologia, que reflete sempre a coerção econômica, revela-se em todos os setores como a liberdade de escolher o que é sempre a mesma coisa.

DORNO, T; HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.

A liberdade de escolha na civilização ocidental, de acordo com a análise do texto, é um(a)

a) legado social.

b) patrimônio político.

c) produto da moralidade.

d) conquista da humanidade.

e) ilusão da contemporaneidade.

Gab: E

Questão 03 – (ENEM/2015)

TEXTO I

A melhor banda de todos os tempos da última semana

O melhor disco brasileiro de música americana

O melhor disco dos últimos anos de sucessos do passado

O maior sucesso de todos os tempos entre os dez maiores fracassos

Não importa contradição

O que importa é televisão

Dizem que não há nada que você não se acostume

Cala a boca e aumenta o volume então.

MELLO, B.; BRITTO, S. A melhor banda de todos os tempos da última semana. São Paulo: Abril Music, 2001 (fragmento).

TEXTO II

O fetichismo na música e a regressão da audição

Aldous Huxley levantou em um de seus ensaios a seguinte pergunta: quem ainda se diverte realmente hoje num lugar de diversão? Com o mesmo direito poder-se-ia perguntar: para quem a música de entretenimento serve ainda como entretenimento? Ao invés de entreter, parece que tal música contribui ainda mais para o emudecimento dos homens, para a morte da linguagem como expressão, para a incapacidade de comunicação.

ADORNO, T. Textos escolhidos. São Paulo: Nova Cultural, 1999.

A aproximação entre a letra da canção e a crítica de Adorno indica o(a)

a) lado efêmero e restritivo da indústria cultural.

b) baixa renovação da indústria de entretenimento.

c) influência da música americana na cultura brasileira.

d) fusão entre elementos da indústria cultural e da cultura popular.

e) declínio da forma musical em prol de outros meios de entretenimento.

Gab: A

Questão 04 – (ENEM/2018)

O filósofo reconhece-se pela posse inseparável do gosto da evidência e do sentido da ambiguidade. Quando se limita a suportar a ambiguidade, esta se chama equívoco. Sempre aconteceu que, mesmo aqueles que, pretenderam construir uma filosofia absolutamente positiva, só conseguiram ser filósofos na medida em que  simultaneamente, se recusaram o direito de se instalar no saber absoluto. O que caracteriza o filósofo é o movimento que leva incessantemente do saber à ignorância, da ignorância ao saber, e um certo repouso neste movimento.

MERLEAU-PONTY, M. Elogio da Filosofia. Lisboa: Guimarães. 1998 (adaptado).

O texto apresenta um entendimento acerca dos elementos constitutivos da atividade do filósofo, que se caracteriza por

a) reunir os antagonismos das opiniões ao método dialético.

b) ajustar a clareza do conhecimento ao inatismo das ideias.

c) associar a certeza do intelecto à imutabilidade da verdade.

d) conciliar o rigor da investigação à inquietude do questionamento.

e) compatibilizar as estruturas do pensamento aos princípios fundamentais.

Gab: D

Referências

COTRIM, Gilberto; FERNANDES, Mirta. Fundamentos de Filosofia. 1 ed. – São Paulo: Saraiva: 2010.

Questões sobre Filosofia Contemporânea

1. (Instituto Federal de Educação – PI – 2011)

Uma marca da desconfiança da filosofia para com o otimismo cientificista foi o aparecimento da noção de razão instrumental, formulada pelos teóricos da Escola de Frankfurt. Sobre razão instrumental é possível afirmar:

A) Refere-se aos instrumentos usados pela razão para encontrar as explicações mágicas do mundo.

B) Trata-se do exercício da racionalidade científica, que tem por empresa o domínio da natureza para fins lucrativos e coloca a técnica e a ciência em função do capital.

C) Corresponde à maneira através da qual os filósofos Adorno, Horkheimer e Marcuse descreveram a racionalidade ocidental como instrumentalização da emoção.

D) Defende as ideias de progresso técnico e neutralidade científica como elementos que resguardam a positividade da ciência.

E) Os filósofos da Escola de Frankfurt afirmam que a razão instrumental reflete sobre as contradições e os conflitos políticos e sociais, fato que fez com que eles ficassem conhecidos como os filósofos da Teoria Crítica.

2. (Instituto Federal de Educação – PI – 2011)

Assinale a alternativa que NÃO corresponde aos fundamentos da ciência contemporânea:

A) Noção de método como conjunto de regras, normas e procedimentos gerais, a fim de definir o objeto e para a orientação do pensamento durante a investigação e, posteriormente, para a confirmação ou refutação dos resultados encontrados.

B) As leis científicas definem seus objetos conforme sistemas complexos de relações necessárias de causalidade, complementaridade, inclusão e exclusão, objetivando o caráter necessário do objeto e o afastamento do contingencial.

C) Distinção entre sujeito e objeto do conhecimento, que permite estabelecer a ideia de subjetividade, isto é, de dependência dos fenômenos em relação ao sujeito que conhece e age.

D) A ideia de método pressupõe a adequação do pensamento a certos princípios lógicos universalmente válidos, dos quais dependem o conhecimento da verdade e a exclusão do falso.

E) O objeto científico é submetido à análise e à síntese, que descrevem fatos verificados ou constroem a própria objetividade como um campo de relações internas necessárias, isto é, uma estrutura que pode ser conhecida em seus elementos, propriedades, funções e formas de permanência ou de mudança.

3. (UFMT-2012)

A um determinado conjunto de práticas, ideias e pesquisas sociais durante o século XX convencionou-se chamar de Escola de Frankfurt. A respeito do que fizeram e produziram seus principais autores, é correto afirmar:

A) Inspirados nos ideais iluministas, criaram conceitos como os de alienação, reprodutibilidade técnica, indústria cultural e teoria da cultura; com base na leitura de autores neopositivistas como Karnap e Schlick, ao mesmo tempo faziam a proposta de revisão crítica do marxismo.

B) Inspirados nos ideais do Iluminismo – ainda, segundo eles, não totalmente realizados – criaram conceitos como o de indústria cultural; partindo da leitura da obra de autores como Kant e Schopenhauer, criticaram o neopositivismo e procederam à releitura crítica do marxismo.

C) Inspirados pela releitura de Kant – revisão do Iluminismo numa nova forma – e pelas leituras de Schopenhauer e Nietzsche, criaram conceitos como os de teoria crítica e de alienação; partiram da ideia de cultura de massa criticando a evidente oposição entre marxistas e neomarxistas.

D) Criaram conceitos como o de cultura de massa, reprodutibilidade social e teoria social, partindo de uma revisão crítica da obra de neopositivistas como Ernest Bloch e outros; baseados nos percalços da Revolução Russa, criticaram tanto posturas neopositivistas quanto neomarxistas.

4.

De acordo com a Filosofia Contemporânea, quais correntes filosóficas NÃO correspondem a esse período?

a) Idealismo de Hegel; Positivismo de Comte.
b) Racionalismo Cartesiano; Empirismo de Francis Bacon.
c) Pragmatismo de Charles S. Peirce; Neokantismo de Hermann Cohen.
d) Fenomenologia de Husserl; Martin Haidegger.
e) Marxismo de Gramsci; Estruturalismo de Claude Lévi-Strauss.

Respostas:

1: b; 2: c; 3: b; 4: c; 5: b

O conteúdo foi complementado pela editoria do Blog do Enem em 2020, com atualizações e inserção de fatos históricos e vídeos explicativos.

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